segunda-feira, 18 de maio de 2020

O Novo Normal

Autor: Samuel Ramos (1)
Orientador: Prof. Semí Cavalcante de Oliveira (2)

Assim vem sendo chamado por muitos jornalistas e repórteres a atual situação em que vivemos: “O novo normal”. Esse termo de certa forma, descreve que possivelmente a realidade que conhecemos sofrerá mudanças significativas após o fim da pandemia do coronavírus. De fato, apenas com pouco mais de 1 mês após o início das medidas adotadas pelos governos para o combate ao vírus, já é possível observar as transformações de hábitos e comportamentos em nossa sociedade. 

Estas mudanças do status quo causadas por eventos “imprevisíveis” não são totalmente desconhecidas pelo mundo, talvez o exemplo mais significativo do século XXI seja o atentado ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, onde foi possível observar ao longo dos anos que se passaram, o quanto a postura do povo norte-americano foi se modificando, o discurso do medo e hostilidade aos imigrantes se tornou uma característica comum, que foi normalizada e mantida até os dias atuais. Mas podemos analisar especificamente as epidemias ou mesmo as pandemias pela história, como a pandemia do influenzavírus H1N1 (mundialmente conhecida como Gripe Espanhola) no início do século XX, e refletir sobre os resquícios deixados por elas em nosso cotidiano. 

Ironicamente, a gripe espanhola não causou tantas mudanças de hábitos ou desconfiguração de padrões estabelecidos, e muito se deve pelo fato dessa pandemia ter sido tão vinculada a Primeira Guerra Mundial, ou seja, para grande parte da população a gripe foi uma consequência do ambiente precário em que viviam os soldados e as cidades arrasadas pela guerra, que acabou se espalhando pelo mundo. Junto com o fim da guerra no final de 1918, os casos do vírus influenza caíram abruptamente, voltando apenas no ano seguinte em sua terceira e última “onda” (característica diferente do Covid-19).

Já na década de 1980, o mundo presenciou o terror do vírus da AIDS, o governo junto com as entidades de saúde, iniciaram diversas campanhas para a conscientização do uso da camisinha, que até então não era amplamente distribuída ou mesmo utilizada por grande parte da população, já que não havia o medo generalizado ou muito menos a compreensão do quão perigoso eram as doenças sexualmente transmissíveis. A relação que pode ser feita aqui é que, atualmente o uso da camisinha se tornou essencial nos intercursos sexuais, e mais do que isso, se tornou um objeto do nosso cotidiano, por consequência de um vírus que afetou e ainda afeta milhares de pessoas pelo mundo. 

A reflexão que devemos fazer neste período em que estamos nos isolando socialmente, evitando aglomerações, toques e afetos, é o quão diferente serão nossos hábitos e comportamentos no mundo pós-pandemia? Porque agora nossa preocupação primordial é (ou deveria ser) o zelo pela vida humana para evitar o máximo de mortes possíveis. Paralelo a isso, precisamos nos atentar ao fato de que o mundo em que vamos retornar dessa situação não será o mesmo do qual deixamos, as indústrias sofrerão os impactos, pequenos comércios talvez precisem fechar, mas também novos modelos de negócios irão surgir (como os serviços de delivery que vem crescendo exponencialmente) e o modelo econômico de muitos países terá de fazer mudanças estratégicas para sua própria sobrevivência.

Mas provavelmente a maior de todas as transformações será nas relações interpessoais, e essas são especialmente mais difíceis de se prever, pois somos seres complexos que alteramos nossos comportamentos e culturas assim como uma lagarta faz seu processo de metamorfose, contudo devemos nos lembrar que somos seres adaptáveis, e quaisquer que sejam as mudanças de nossa realidade, essas em pouco tempo vão acabar se tornando o nosso “novo normal”. 



(01) Samuel Ramos é aluno do 5º período do Curso de Administração de Empresas do Unicuritiba.

(02) Semí Cavalcante de Oliveira é Professor de Economia Brasileira do Unicuritiba

4 comentários:

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