quarta-feira, 15 de abril de 2020

A Influência do Covid-19 nas Organizações



Emanoely Ketelin dos Santos é aluna do módulo C do curso de administração do Unicuritiba. Também é monitora da disciplina de Fundamentos da Administração e este artigo é sua primeira contribuição para o blog do nosso curso.



A Teoria de Sistemas (com inspiração em Ludwig Von Bertalanffy) classifica as empresas como sistemas abertos, ou seja, estão em constante interação e intercâmbio com o ambiente externo. O ambiente externo por sua vez é tudo que, embora tenha influência, não diz respeito a empresa em si, como por exemplo: o governo, fornecedores, concorrentes, meio-ambiente, dentre outras variáveis. Classificamos o ambiente externo das organizações em dois níveis: operacional e geral. 

Podemos dizer que o vírus responsável pelo Covid-19, uma variação da família corona vírus, se classifica como uma variável no ambiente externo geral, pois impacta diversos setores econômicos e as organizações possuem um difícil domínio.

Como uma força que interage com o meio empresarial, se faz necessário que cada instituição analise e planeje a respeito da situação, pois uma variável desse tipo pode apresentar influências diversas dependendo do ramo, local, movimentação, da cultura, dentre outros fatores aos quais a empresa está exposta.

Já observávamos o impacto que a doença causava nos negócios antes mesmo de se haver suspeitas do vírus no Brasil. O setor do agronegócio e outros relacionados à exportação de commodities (produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade) poderiam ser muito prejudicados com a paralisia da economia da China, já que o país, segundo a FGV, atingiu a maior participação como destino das exportações brasileiras entre 2017 e 2018, ao responder por 26,8% do total. 

Organizações que dependem de importações ou que estão expostas a regimes cambiais também sofreram prejuízos.

Por outro lado, alguns setores podem sofrer um efeito financeiro positivo em meio à crise. É o caso dos envolvidos nas vendas de máscaras, álcool em gel, comidas estocáveis, insumos e equipamentos médicos, e outros produtos que aparentam primazia aos consumidores nessas condições. Esses são os chamados bem de Giffen, que são uma exceção a curva de oferta e demanda; embora seus preços continuem aumentando, a quantidade de pessoas interessadas por eles não diminui. 

O cenário mundial que enfrentamos nos mostra mais uma vez a importância de um bom planejamento e antecipação das organizações. Ferramentas como a análise SWOT, que nos ajuda a visualizar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, são necessárias para toda e qualquer empresa. 

Cabe às organizações não somente tomar as devidas atitudes de prevenção e conscientização para que superemos essa crise aprendendo a lidar e conviver com o vírus, mas também estar atentos a todos os caminhos mercadológicos que ela apresenta. Se mantendo bem informados e conscientes da influência que as organizações recebem por não serem uma ilha isolada, mas um sistema em constante interação com o mundo.

Contudo, do mesmo modo que o ambiente externo influencia as empresas, o contrário também ocorre. Vemos diversas grandes organizações com uma postura de solidariedade, agindo de maneira ativa no combate ao Coronavírus.

É o caso do grupo O'Boticário que decidiu concentrar sua produção em álcool (em gel e líquido) e sabonetes, para distribuir a pessoas em situação de vulnerabilidade social, redes públicas de saúde e colaboradores, além de fazer doações em dinheiro para a compra de equipamentos hospitalares na Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná.

A ideia de se tornar uma empresa flexível, ágil e preparada para mudanças é o ideal na teoria administrativa, mas o que fará toda diferença nesse momento é pensarmos como indivíduos e colaborar para o bem coletivo. A empatia é algo que todo empresário pode praticar, seja micro ou pequenas empresas, com ações locais, prezando pela saúde de seus clientes e famílias, ou grandes organizações fazendo o melhor para o bem das pessoas. 

Como disse o grande autor Franz Kafka: “a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. Esse respeito e consideração pelas vidas é o que deve nos nortear quanto organizações nesse momento.
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