quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O Que o Mercado Espera do Governo de Jair Bolsonaro? | Prof. Semí Cavalcante de Oliveira

Os Índices de Confiança do Empresariado tem oscilado bastante nesse início de 2019. Os vários setores da economia brasileira tem demonstrado confiança no governo Bolsonaro, contudo, as sucessivas crises, que esse governo tem enfrentado – crises essas geradas no seio do próprio governo – tem minado um pouco a crença de que o País esta no caminho da definitiva superação e recuperação econômica. 
Alguns indicadores econômicos revelam que nada mudou de forma expressiva. A Política Monetária responsável em zelar pelo regime de metas de inflação e a taxa básica de juros (Selic) estão nos patamares herdadas do governo Michel Temer. 
E o governo, através do Banco Central (Bacen) perdeu uma grande oportunidade de sinalizar para o mercado que estava disposto a mudanças, uma vez que, o Conselho de Política Monetária (Copom), órgão do Bacen responsável pela definição da Taxa Básica de Juros da Economia, já realizou uma reunião na era Bolsonaro e manteve sua posição conservadora. 
O mercado esperava a manutenção da taxa básica de juros em 6,5% ao ano, contudo, segmentos significativos do mercado sonhavam com uma redução, mesmo que mínima, da taxa Selic. A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2018, o indicador fechou em 3,75%, contra 2,95% em 2017. 
Entretanto, o Copom decidiu pela sua manutenção em 6,5 pontos percentuais. O empresário olha com desconfiança, querendo investir, mas, aguardando definições por parte das autoridades econômicas. Nesse sentido, é obrigação do governo apontar um caminho para os investidores, sejam eles, nacionais ou estrangeiros.
No que se refere a Política Cambial, um dos principais pontos do tripé macroeconômicos da economia brasileira. Nesse mote, herdado da lúcida política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, reina certa paz, uma vez que ele continua flutuante e o Banco Central não dá sinais que vai mudar essa realidade. 
Que continue assim, pois num regime de câmbio flutuante, o câmbio tem que “flutuar” e refletir as certezas e incertezas do mercado, que deve ser soberano. No entanto, o Banco Central tem por obrigação acenar, para esse mesmo mercado, que esta vigilante e que não vai tolerar especulações com a nossa moeda.
O Congresso sabatinou e aprovou, no final de fevereiro de 2019, a nomeação o ultraliberal Roberto Campos Neto para presidir o Banco Central. Se ele possuir um pouco da capacidade e sabedoria do seu avô, o eminente economista Roberto Campos, e, primar pela independência e autonomia dessa instituição, acreditamos que os resultados serão satisfatórios e o mercado vai agradecer.
A Política Fiscal e Tributária requer um debate mais profundo. Que em nossa opinião carece de uma reforma muito mais urgente e necessária que a própria seara previdenciária. Pois a primeira geraria resultados imediatos e a segunda prenuncia uma economia de 1 (hum) trilhão de reais em 10 anos, ou seja, economia de longo prazo. E parafraseando John Mainardes Keynes, “no longo prazo estaremos todos mortos”. 

O mercado reagiria muito bem e seria vital para a retomada do crescimento econômico se o governo demonstrasse agora, no início desse mandato, uma firme e sincera disposição em propor uma reforma nessa área. 


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