terça-feira, 17 de abril de 2018

Conhecendo O Cooperativismo Paranaense

José Ronkoski[1]

O cooperativismo fundamenta-se em uma doutrina que nasceu da necessidade das pessoas cooperarem entre si para, em conjunto, obterem crescimento econômico e qualidade de vida. 
O seu destaque pode ser encontrado na geração de empregos, pagamento de impostos, contribuindo de forma significativa com o crescimento e desenvolvimento das economias local, nacional e internacional. 
Este texto tem como objetivo apresentar a importância do cooperativismo para o desenvolvimento da economia paranaense, começando com um breve relato sobre a origem desse movimento. 

Com a revolução industrial, no século XIX, surge em âmbito mundial um novo cenário político, social e econômico. A mão-de-obra perdeu grande poder de troca em relação ao capital. É nesse contexto que os operários perceberam a necessidade de organização. 
A primeira cooperativa foi fundada na Inglaterra, em 21 de dezembro de 1844, por vinte oito tecelões, entre os quais havia uma mulher. Na ocasião foram criados princípios básicos do cooperativismo (Princípios de Rochdale), que até hoje vigoram. 
Hoje, o cooperativismo reúne cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, independentemente dos regimes políticos das nações, do tipo da economia e da religião de seus integrantes. As cooperativas estão presentes em 100 países e geram mais de 100 milhões de empregos.
No Brasil, existem 6.587 cooperativas com cerca de 12,7 milhões de cooperados. O cooperativismo brasileiro possui uma legislação específica, a Lei Federal 5.764/1971, que, no artigo 4º, define cooperativa como “uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica própria, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, com objetivo comum distinguindo-se das demais sociedades”. 
No Paraná, os primeiros movimentos marcados pela cooperação surgiram no ano de 1829, com a chegada de um grupo de 248 imigrantes alemães que fundaram a Colônia Rio Negro, hoje município. Estes imigrantes já traziam entre seus valores a prática da cooperação e logo procuraram organizar sua vida comunitária em estruturas baseadas em atividades em comum, tanto na compra e venda de produtos, quanto em suas necessidades de educação e lazer (Ocepar, 2018).
Participando dos diversos ciclos econômicos do Estado do Paraná, as cooperativas expandiram as fronteiras agrícolas e passaram a desenvolver-se também no meio urbano, principalmente nas áreas da saúde, trabalho, serviços, crédito, consumo, educação e habitação (Ocepar, 2018). 
Atualmente, o cooperativismo paranaense é formado por 221 cooperativas, que agrupam mais de 1,5 milhão de cooperados e geram cerca de 3,8 milhões postos indiretos de trabalho. A Figura 1 apresenta a distribuição das cooperativas no Estado do Paraná.

Figura 1: Distribuição das Cooperativas no Paraná
Fonte: Banco de Dados Ocepar, 2018

 
A opção do cooperativismo paranaense é pelo desenvolvimento das pessoas, cooperativas e comunidades, com organização econômica e social e, sobretudo, pelo criterioso planejamento de ações. Mesmo em um cenário nacional desfavorável para a economia, em 2017, o faturamento das cooperativas cresceu R$ 1,3 bilhão, para R$ 70,6 bilhões, com 89.000 empregos diretos e milhares de oportunidades de negócios, no campo e na cidade, gerando mais de R$ 2 bilhões em impostos.
E quais são os fatores que levam a um resultado tão expressivo? Sem dúvida, o resultado é um esforço da união de pessoas em busca de um objetivo comum e de uma gestão qualificada na condução do negócio cooperativo, baseada nos princípios cooperativistas.
Na próxima oportunidade, vamos apresentar de forma mais detalhada os princípios cooperativistas que são fundamentais ao desenvolvimento de uma administração profissional do segmento.
Quero encerrar com a frase do Henry Ford: “Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso e trabalhar juntos é sucesso”. 


[1]Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professor do Curso de Administração do Centro Universitário Unicuritiba – UNICURITIBA 
E-mail: Ronkoski.j@gmail.com   
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quarta-feira, 4 de abril de 2018

A Inflação no Brasil Abaixo Do Centro Da Meta: É Bom?

Prof. Semí Cavalcante de Oliveira

Para quem viveu os famigerados anos 1980 – considerada a década perdida em termos de economia, quando o Brasil viveu uma recessão econômica que muitos economistas consideram tão profunda quando a dos anos 1930, pós quebra da Bolsa em Nova Iorque.
Durante a década de 1980 o Brasil viveu um processo inflacionário galopante, que ao final do Governo José Sarney (1985 – 1989) beirava os 2000% a.a.
Foram anos difíceis aqueles.  E não faz muito tempo, no Governo Dilma Rousseff (2011 – 2016) a inflação começou a esboçar uma escapadela do controle das autoridades monetárias. Muitos ficaram apreensivos, será que vamos reviver aqueles? 
Não, acho que não, uma vez que até março de 2018 o acumulado da inflação esta abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil – Bacen, que é de 4,5 %.
Viver com uma inflação baixa e controlada é bom, pois, nos dá a chance de planejar o futuro e consequentemente da margem para queda da taxa básica de juros. Isso é muito bom, pois aquece o consumo e aumenta o índice de confiança do empresário.
Com um processo inflacionário no menor nível para março desde a implantação do Plano Real (1994), o Brasil concretiza um cenário de mais previsibilidade, segurança e prosperidade. Em março de 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice oficial de preços do País variou apenas 0,09%.
Inflação baixa constitui que os preços dos principais produtos, na média, não sofreram grandes flutuações entre um período e outro. Quanto menor a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), menor é a alteração nos preços de itens importantes para o consumo das famílias.
Um ambiente de inflação baixo é uma amparo para a sociedade. Até o início dos anos 1990, quando os preços estavam descontrolados e eram reajustados mais de uma vez por dia, o dinheiro dos trabalhadores perdia o poder aquisitivo rapidamente. Os produtos de primeira necessidade, por exemplo, podiam ter um aumento de 100% em seu preço em um único dia.

Esse pretérito está cada vez mais se perdendo no retrovisor da história econômica do Brasil e as novas gerações vão conhecer esses dilemas apenas nos livros de história. Para os economistas, essa taxa de março de 2018 abre espaço para que o Brasil labute para manter a inflação em nível baixo e para que seus benefícios sejam permanentes e ajudem no desenvolvimento social e numa mais justa distribuição de rendas.


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terça-feira, 3 de abril de 2018

Gestão Da Inovação E O Papel Do Administrador

Prof. Samir Bazzi

Pode parecer estranha essa afirmação, mas desde os primórdios do seu desenvolvimento o ser humano vem promovendo a inovação, já que, de acordo com Marc Adam (Vice-Presidente de Marketing da 3M), a inovação nada mais é do implementar ideias com um certo êxito. Além do que, a capacidade de inovar é o que nos diferencia dos outros seres vivos.

É interessante quando olhamos para o homem primitivo “inovador”, principalmente em razão das inúmeras adversidades que ele enfrentava (sejam geográficas, ambientais, físicas etc.), e vislumbramos o desenvolvimento da sua habilidade de associar dados em informações e gerar novas soluções frente às suas adversidades. Mais interessante ainda é perceber como os outros indivíduos assimilavam essas “inovações” dentro dos seus grupos sociais.

Com isso pode-se concluir, desde o início da humanidade, que o conhecimento é um dos geradores da inovação, haja vista que o conhecimento adquirido é utilizado no processo de geração de ideias novas que se tornarão em futuras inovações. Isto revela uma característica construtivista do processo evolutivo humano desde os seus primórdios. Não posso afirmar, no entanto, que o presente é derivado exclusivamente do passado, mas sim, que cada evento tem o seu passado.

Alvin Toffler, em seu livro A Terceira Onda, deixa essa relação bem clara, onde ele afirma que as grandes evoluções da humanidade ocorreram na forma de ondas, sendo primeiramente assimiladas de uma maneira bem sutil, para depois passar vir a ser incorporada no dia a dia, até que se atinja um estágio mais avançado (o topo da onda), onde o novo ultrapassa o antigo, fazendo com o antigo fique no passado em razão da assimilação da nova solução.

É importante destacar uma colocação muito pertinente sobre inovação: uma inovação caracteriza-se pelo lançamento com sucesso de algo novo ou de uma maneira nova no mercado. Sem o sucesso, o produto, processo ou serviço não se caracterizará como inovação.

O progresso tecnológico é um avanço na tecnologia, sendo que tal avanço freqüentemente toma a forma de novos métodos de produzir os bens existentes e de novas técnicas de organização, comercialização e gerência. É importante neste ponto fazer uma distinção entre progresso tecnológico e uma mudança de técnica. Enquanto o progresso tecnológico é um avanço no conhecimento, uma mudança na técnica é uma mudança no método utilizado de produção. Embora o progresso tecnológico possa resultar numa mudança na técnica, não é preciso que isto sempre ocorra. Nem todas as mudanças na técnica são devidas ao progresso tecnológico.

O processo de inovação não deve ser confundido com o de inventar. O inventor é aquele que nos traz algo novo que surge de suas idéias, de sua criatividade, que nem sempre terá alguma aplicabilidade imediata ou que estará associado à absorção pelo mercado, aos aspectos econômicos, ou ainda, com relação a forma de como sistematizar um processo.

A inovação possui múltiplas abordagens, esta atividade requer flexibilidade e velocidade, e tudo isso devido ao rápido avanço de novas idéias que surgem a cada instante, que são sentidas através da percepção e que é, apesar das metodologias e padrões, intuitiva por causa dos problemas imprevistos que ocorrem no decorrer de todo o processo.

Desta forma é necessária certa precaução, pois as inovações podem tanto valorizar como destruir as competências que uma empresa adquiriu ao longo de sua existência, as competências requeridas estão representadas pelo conhecimento acumulado, sobre o domínio de determinada tecnologia e sobre os processos existentes e praticados. 
O cuidado deve se dar no sentido de alinhar as práticas de inovação às diretrizes da empresa, pois a gestão da inovação pode ocorrer em relação aos produtos, serviços e processos. A inovação baseada no conhecimento pode levar muitos anos até que se torne em algo concreto, produto ou serviço, pois em suas pesquisas jamais são levadas em consideração somente uma variável ou caso isolado, mas a convergência de vários tipos de conhecimento, a periodicidade de ocorrências, uma análise madura, deve ser uma pesquisa que traga mudanças, crie desejos e onde ninguém pode, antecipadamente, dizer se o usuário será receptivo, indiferente ou resistente.

As grandes mudanças por que passa a Economia mundial incluem elementos como as inovações tecnológicas e sua difusão, know-howmais complexo, novas tecnologias de serviços baseadas em computadores e globalização da concorrência e dos mercados. Tudo isso demanda mudanças no paradigma empregado para administrar as empresas, e, principalmente, no papel do administrador destas empresas.

Qualquer empresa que trabalha com Inovação (principalmente elas, não desprezando as demais, de maneira alguma), é influenciada por seis fatores principais: capital, mão-de-obra, administração, produtos, recursos e tecnologia. O capital fornece a capacitação financeira para organizar os demais fatores necessários em torno de operações produtivas. A mão-de-obra e a administração, por sua vez, proporcionam capacidade e aptidões organizacionais, assim como o conhecimento necessário para executar tais operações. Os produtos, na forma de bens, processos e serviços, repõem e incrementam o capital das operações produtivas por intermédio de marketing e vendas. Já os recursos fornecem os materiais e a energia necessários para fabricar os produtos resultantes das operações. E a tecnologia representa os conhecimentos, aptidões, técnicas e ferramentas empregadas para transformar os recursos em produtos manufaturados pelas operações.

Todos estes fatores têm que ser administrados, o que requer atenção aos detalhes, responsabilidade, planejamento, implantação, supervisão e disciplina, além de avaliação. Estes são uns dos principais papéis do administrador na gestão da inovação. Por exemplo, a administração do capital implica levantá-lo, decidir a respeito do controle das despesas e distribuir o os resultados de seu crescimento. A mão-de-obra e a administração também precisam de gerenciamento, incluindo organização, recrutamento de pessoal, avaliação, sistema de salários e formação de equipes. Os produtos demandam gerenciamento do design, produção, marketing e assistência técnica. Os recursos requerem gestão da aquisição, processamento, montagem, segurança e conservação. Da mesma forma a tecnologia precisa de gerenciamento, incluindo estratégia e planejamento tecnológicos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produtos, processos e serviços.

Desse modo, outra mudança do paradigma de administrador surge no horizonte, referente ao gerenciamento das modificações e da tecnologia empregada. Acrescento com isso mais dois eixos ao estilo do administrador da gestão da inovação: considerar o tempo como um recurso, e, criar equipes interdisciplinares para o desenvolvimento de produtos. O administrador deve entender como funciona a Inovação e os seus estágios. Isso ajuda a inovação a acontecer com mais freqüência nas empresas e com melhores resultados.
Esse texto é uma parte adaptada de um artigo científico que escrevi há alguns, e que foi publicado na Revista Científica da FAESP. Como é interessante perceber que esse assunto está mais em voga do que nunca, e lá nos idos de 2007 ainda era algo meio insipiente.




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