quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Origem Das Ciências Contábeis | Prof. Samir Bazzi



São vários os autores que consideram como a origem da Contabilidade a publicação da obra La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitáde Luca Bartolomeo de Pacioli O.F.M., um frade franciscano, teólogo, matemático e contabilista, em 1494. Porém, Schmidt (2000) deixa bem claro que não é essa a real origem da Contabilidade, apesar de que o Frei Luca Pacioli seja identificado por muitos como o fundador da Contabilidade. Algumas descobertas arqueológicas, que remontam há mais de 6.000 anos, apontam que o homem primitivo já controlava a sua riqueza. E o controle da riqueza, ou do patrimônio, é um dos conceitos basilares da Contabilidade. Sendo assim, a Contabilidade já existe há muito mais tempo do que podemos imaginar. A grande contribuição de Pacioli foi sim a de sistematizar o método contábil, criando uma metodologia clara e precisa para se fazer a escrituração contábil, o chamado “método das partidas dobradas”.
A Contabilidade vem passando por uma evolução ao longo do tempo, acompanhando a evolução da própria humanidade e das necessidades que começaram a surgir. Hoss aponta essa evolução através de uma linha do tempo, onde aponta quatro grandes fases da Contabilidade e as alterações e evoluções que aconteceram, principalmente em relação às informações e ao controle da riqueza gerada e compartilhada. Essa proposição de tempo demonstra a transição do conhecimento rudimentar e empírico para a ciência contábil que conhecemos atualmente.

-       Empirismo ou mundo antigo: inicia com a associação entre a criação da escrita (símbolos autoexplicativos, é claro) e da necessidade das pessoas em controlar as suas posses, com o surgimento da urbanização. A Contabilidade utiliza nessa época desenhos e imagens para identificar a posse, ou seja, é utilizada uma forma extremamente rudimentar (isso se compararmos com os nossos dias, mas tente imaginar a grande inovação que foi isso naquele tempo).

-       Renascentismo ou sistematização: com a expansão marítima e a consolidação da burguesia (lembra-se disso na época em que você estava na escola?) a necessidade de controle, principalmente da informação, demandou novas análises e de modelos de gerência, culminando com o surgimento da Revolução Industrial. Um dos grandes acontecimentos desse período foi a efetiva consolidação da Contabilidade como ciência, principalmente através dos estudos do Frei Luca Pacioli, quando ele passa a divulgar cientificamente o método das partidas dobradas. Vale a pena destacar aqui que não foi Luca Pacioli que criou o método das partidas dobradas, mas sim alguns comerciantes da região da Toscana na Itália. Surge nessa época a contabilidade de custos e a contabilidade financeira.

-       Racionalismo ou literatura: surgem grandes empresas no mundo, com vários sócios, e com isso se consolidam novas áreas contábeis, se destacando principalmente a Auditoria Externa. O raciocínio contábil passa a ser sistematizado, gerando algumas novas teorias, principalmente após a publicação da obra de Francesco Villa, La contabilitá applicata alle amministrazione private e publiche. Se consolida nessa época também a chamada Escola Aziendal, comumente chamada de Moderna Escola Italiana, onde passa a existir uma diferença entre o capital, o patrimônio líquido e o capital social.

-       Contingencialismo ou científico: associa três séries relacionadas ao tempo, analisando a informação contábil através do passado, do presente e do futuro, se preocupando com questões estratégicas e competitivas. O resultado da empresa passa a exercer uma função de destaque, necessitando para isso uma associação com a tecnologia da informação, criando com isso o sistema de informação contábil, onde se torna possível analisar questões econômicas e administrativas. A Escola Norte-Americana passa a desenvolver algumas novas teorias de fundamental importância para a Contabilidade, consolidando com isso a chamada Contabilidade Gerencial.

Analisando essa linha do tempo podemos perceber facilmente que a Contabilidade, começou utilizando a arte do homem primitivo, evoluiu para a técnica dos estudiosos, e atualmente está consolidada como a ciência que controla e interpreta o patrimônio das empresas.

Esse texto faz parte do Capítulo 1 do meu livro “Contabilidade em Ação” publicado em 2014 pela Editora InterSaberes.
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terça-feira, 16 de outubro de 2018

As Eleições, a Economia e o Empresariado

Um quatro eleitoral indefinido (apesar das pesquisas eleitorais apontarem o favoritismo do candidato da direita), um segundo turno do processo eleitoral, que desagrada a maioria dos eleitores. A instituição do voto útil sendo colocada em prática como nunca na história das eleições no país. A esquerda junto com amplos segmentos do centro, buscado o apoio de um eleitorado perdido, e, justificando, “eu sou ruim, mas eles são piores”. E a direita agindo da mesma forma. Isso é valido? Sim, isso é válido e até pode ser até saudável para a democracia. Melhor, mais apropriado e mais saudável para a democracia, seria se a discussão girasse em torno de ideias e propostas, o amadurecimento democrático certamente agradeceria.
Contudo, alguns setores são extremamente sensíveis quando o cenário político e sobretudo o cenário político-eleitoral não se define. Um desses setores é o econômico, onde os termos credibilidade e confiança são fundamentais. 
Quando a confiança do investidor - tanto de curto, médio e longo prazo - e a do empresário ficam abaladas a economia de um país tende a estagnar, sobretudo, por falta de investimento, que acarretara um número considerável de consequências negativas.
Nesse contexto político eleitoral brasileiro de 2018, ainda totalmente indefinido e na disputa candidatos que não se comprometem com reformas estruturais que o Brasil vem carecendo a décadas, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), publicaram uma pesquisa sobre o nível de confiança das micro e pequenas empresas, que são responsáveis por expressivos índices na geração de empregos diretos e indiretos.
De acordo com a pesquisa que demonstrou uma estagnação do índice de confiança e uma visão bastante negativa em relação a economia brasileira dos micro e pequenos empresários. Nem mesmo o Indicador de Condições Gerais, que afere a percepção dos últimos meses, que ficou em 39,8 pontos e o Indicador de Expectativas, que projeta um horizonte vindouro de seis meses, que marcou 59,4 pontos, foram capazes de injetar ânimo e confiança desse segmento do empresariado na economia brasileira. 
Reproduzo abaixo a pesquisa, a metodologia e à reportagem publicada a respeito.
Às vésperas das eleições, confiança da micro e pequena empresa fica estagnada em 51,0 pontos, apontam CNDL/SPC Brasil 
Indicador mostra que empresários têm visão mais negativa sobre a economia do país do que do próprio negócio; 56% estão otimistas com futuro da empresa, mas maioria não sabe explicar razões.
A proximidade com eleições não alterou o quadro da confiança dos micro e pequenos empresários. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o índice registrou 51,0 pontos em setembro frente 51,1 pontos em agosto. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que o resultado observado está muito próximo da marca que separa o ambiente de otimismo e pessimismo dos empresários.

De acordo com o levantamento, a avaliação do atual desempenho da economia tem puxado o indicador para baixo, em contraste com as perspectivas para o futuro da própria empresa e da economia, que apresenta pontuações melhores. Já o Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção dos últimos meses, ficou em 39,8 pontos e o Indicador de Expectativas, que projeta um horizonte futuro de seis meses, marcou 59,4 pontos.
“Os dados mostram que a maioria dos empresários de menor porte está otimista com o futuro, mas ainda em compasso de espera. Alguns indicadores macroeconômicos apresentam sinais de melhora, mas as disputas eleitorais sempre geram incerteza. Isso faz com que a confiança não deslanche, mas também não retroceda aos patamares do auge da crise”, afirma o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
Micro e pequenos empresários avaliam que economia piorou, embora percepção sobre desempenho dos negócios seja menos negativa
Mais da metade (53%) dos micro e pequenos empresários consideram que a economia piorou nos últimos seis meses. Apenas 17% dos entrevistados notaram uma melhora no período. Por outro lado, quando analisado o desempenho do próprio negócio, a percepção é um pouco melhor, já que 24% notaram avanços na sua empresa, enquanto 36% observaram uma piora.
Dentre os que perceberam uma piora em seus negócios, a queda das vendas desponta como principal razão, mencionada por 77% dos entrevistados. Outros 30% destacaram aumento nos preços de matéria prima e produtos, enquanto 10% ainda sentem consequências da inadimplência de seus clientes. Para os que notaram melhora na performance do próprio negócio, mais de metade (61%) disse ter vendido mais no período e 23% atribuem a uma melhora da gestão da empresa.
Mais da metade dos entrevistados mostra-se confiante com futuro da própria empresa e 36% acreditam na melhora da economia
Se o último semestre frustrou a maioria dos micro e pequenos empresários, o indicador mostra que as expectativas para os próximos meses são de otimismo. Em termos percentuais, mais da metade (57%) disse estar confiante no futuro do próprio negócio, ante 11% que demonstrou pessimismo. Entre os que demonstram confiança, a maior parte (29%) novamente afirma fazer uma boa gestão da empresa. Além desses, 27% alegam não saber ao certo a razão de estarem otimistas, apesar de acreditarem que coisas boas irão acontecer.
Pensando na economia, os resultados são um pouco piores, mas ainda há um clima de otimismo: 36% estão confiantes, mas quase a metade (47%) também não sabe justificar os motivos. Além disto, 21% apostam no amplo mercado consumidor e 21% esperam um cenário político mais favorável. Embora a maioria relativa dos entrevistados tenha boas expectativas com relação ao futuro do próprio economia, há os que se consideram pessimistas (24%), principalmente em razão das incertezas políticas (65,6%).
Para 39% dos MPEs, desempenho das vendas foi satisfatório em agosto; 46% acreditam em aumento do faturamento para próximos seis meses.
De acordo com o levantamento, 39% consideram ter tido um bom desempenho de vendas. Para 41%, o resultado foi regular e 18% avaliam como ruim ou péssimo. Em relação às perspectivas para os próximos seis meses, a maior parte acredita que o faturamento irá crescer (46%) e apenas 4% apostam em queda na receita. Já 42% esperam um faturamento igual.
Entre os que têm expectativa de crescimento no faturamento, 32% atribuem essa performance a novas estratégias de vendas. Outros 31% não possuem uma razão concreta, 24% apostam na diversificação do portfólio de produtos para ampliar a receita e 19% pretendem investir na melhoria da gestão. “O segundo semestre tem datas comemorativas importantes para o varejo que devem aquecer as vendas. É natural perceber esse otimismo com relação ao faturamento”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Ainda segundo a sondagem, 43% conseguiram realizar alguma melhoria no negócio nos últimos seis meses, contra 56% que não conseguiram. As principais melhorias destacadas são: compra de equipamentos (34%), reforma da empresa (32%), ampliação do estoque (28%), qualificação da mão-de-obra (14%) e ampliação do portfólio de produtos (13%).
Metodologia
O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”. Baixe a íntegra do Indicador de Confiança MPE e a série histórica no link: https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos


Prof. Semí Cavalcante de Oliveira 
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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Sobre Gerações - com Isaak Soares (Parte 2)

Saiu a 2ª parte da entrevista com o Professor Isaak sobre gerações!

Clique, assista e adquira mais conhecimento:





Até logo!
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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Sobre Gerações - com Isaak Soares

Para entender as diferenças entre gerações e sua importância para a área do Marketing, a aluna do CST de Marketing, Karine Oliveira, entrevistou o Mestre em Administração e Professor do Unicuritiba: Isaak Soares.

Na primeira parte deste papo foram analisadas duas perspectivas: O que é o estudo geracional e quais são as diferenças que esse estudo pode gerar, quando aplicado em outros países.

Acompanhe o vídeo a seguir e fique por dentro do universo das gerações:




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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A Economia como a Ciência do Governante, Estadista e do Administrador.

As Ciências Econômicas municia o Governante e o Estadista a tomar decisões que influenciam a vida de milhões de pessoas. É a partir de cenários e projeções econômicas que os políticos avaliam, ou deveriam avaliar, se suas decisões podem promover a estabilidade geral da economia de seu país, se o crescimento econômico pode gerar desenvolvimento ou se tais medidas vão impactar na geração de emprego e renda para a população.
Essa análise pode ser levada também para o mundo corporativo. Na firma o Administrador deve ter, da mesma forma que o Estadista, o conhecimento na área econômica e seguramente uma equipe de economistas para suportar suas decisões.
Quando observamos a história econômica de um país e seu desenvolvimento é razoável analisar os principais bens e serviços produzidos e oferecidos nessa região, e o que levou à sua produção, como ocorreram seus ciclos e assim tomar as melhores decisões para investir no presente e futuro.
No Brasil, um número significativo dos cursos de administração oferta a seus discentes disciplinas relacionada à Formação Econômica do Brasil e Economia Brasileira. Quando se deparam com elas esses estudantes interrogam o que o estudo de toda essa teoria econômica e histórica pode agregar em sua formação como administrador.
Pode-se afirmar que através da história é que podemos entender o atual momento econômico de uma nação. E é imperativo afirmar também que todas as firmas são afetadas pelas políticas macroeconômicas implantadas pelas autoridades econômicas. O. Nesse sentido, são impactadas pela economia geral do país. Assim sendo, é de fundamental importância que os administradores adquiram conhecimento sobre o momento econômico e sua história.
O conhecimento de Política Monetária, Cambial e Fiscal são tópicos essenciais para a sobrevivência de uma corporação, além de, políticas anti-inflacionárias,  os principais produtos de exportação e importação, que tem a ver com Balança Comerciale consequentemente com Balanço de Pagamentos, os principais setores em que o país cresceu e se esse crescimento gerou desenvolvimento, que pode abrir um novo nicho de mercado e consequentemente uma expansão das atividades da empresa.
A taxa de câmbio é, de acordo com a teoria econômica, o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações da moeda nacional. No Brasil hoje, essa taxa é definida pelo mercado e apenas acompanhada e divulgada pelo Banco Central, mas em outros momentos da nossa história econômica, essa taxa foi definida pelo governo, como por exemplo, durante a implantação do Plano Real ( 1993/4 até 1999), também é significativo citar o período da Era  Vargas ( 1930 – 1945). 
Para os administradores de empresas é muito importante saber o valor da taxa de cambio. Primeiramente as empresas que atuam na área de exportação/importação, pois, a taxa pode fazer com que os seus produtos fiquem mais caros ou mais baratos para os compradores externos e internos, podendo então ter como consequência o aumento ou diminuição da demanda. Evidente que isso também depende de outras variáveis, tais como, da elasticidade da demanda do produto, outro conceito econômico. 
A taxa não é importante apenas para as empresas exportadoras, que vendem seus produtos em outros países. O cambio também é fundamental para as firmas importadoras, pois, dependendo dos preços de importação o mercado interno pode sofrer variações significativas e afetar as taxas de inflação. 
Nesse contexto, Inflação pode ser definida como o aumento contínuo e generalizada no nível geral de preços, o que significa que o valor real da moeda é depreciado. Assim sendo, muitas das decisões tomadas pelas autoridades econômicas para manter a estabilidade dos preços, e essas medidas podem variar de governo para governo e que certamente vão impactar em diversos fatores produtivos. 
Nesse sentido, o administrador deve ficar precavido às mudanças inflacionárias e as medidas que estão sendo tomadas pelas autoridades constituídas para conter a pressão inflacionária, assim como a todas as decisões na área econômica, com o intuído de definir suas políticas internas, tais como, estoque, política salarial, a política creditícia aos clientes e aos fornecedores e a todo o fluxo normal de uma corporação.

Prof. Semí Cavalcante de Oliveira                    
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Qual o Preço da Felicidade?


O conceito de felicidade relaciona-se à ideia de bem-estar. As pessoas buscam, constantemente, atingir um estado no qual sintam prazer de estarem vivas. Do ponto de vista econômico, a felicidade está relacionada à posse de bens materiais. De acordo com essa perspectiva, o indivíduo irá se sentir mais feliz à medida que lhe for facultada a possibilidade de ampliar suas alternativas de consumo. Não por acaso, o pensamento econômico tradicional entende que o objetivo de maximização da renda está associado ao aumento do consumo. Por sua vez, o incremento no consumo leva a um maior bem-estar e, consequentemente, à sensação de felicidade. (César Nazareno Caselani FGV-EAESP)

De acordo com o referido Professor Caselani: “A felicidade costuma ser assunto de interesse dos chamados “profissionais da alma”: psicólogos, sociólogos e antropólogos. Recentemente, porém, os economistas também se interessaram pelo tema. Consumo, trabalho, lazer, ecologia e remuneração passaram a ser tópicos utilizados pelos economistas para explicar a felicidade e analisar os custos que sua busca acarreta para os indivíduos e a sociedade”. Nesse sentido, diversas pesquisas estão sendo realizadas,  por conceituadas Universidades e seus respectivos Departamentos de Ciências Econômicas, no intuito de medir “financeiramente” o preço da felicidade”. 
A revista científica “PNAS” publicou uma recente pesquisa realizada por economistas americanos, com 450 mil pessoas residentes nos Estados Unidos, revelando que “Para ser feliz, o importante não é ser rico, mas, isso sim, não ser pobre.” 
A pesquisa evidenciou que a partir de um ganho médio mensal com o qual os entrevistados disseram se sentir “não pobres”: R$ 11,3 mil. Esse valor passou a ser então o limite de “corte” na pesquisa. Nesse sentido, R$ 11,3 mil por mês é o ponto a partir do qual mais dinheiro não significa necessariamente mais felicidade. Além desse “corte”, a riqueza nada mais acrescenta de felicidade.
Outros fatores, estritamente pessoais, tais como solidão, obesidade, ou, apresentar problemas crônicos de saúde não interverem no sentimento de felicidade segundo a pesquisa. O fator que lidera como uma necessidade básica para que sentimento de felicidade se manifeste para os entrevistados, desde que se ganhem os R$ 11,3 mil, é ser religioso e possuir plano de saúde, superando inclusive a felicidade de ter filhos.
Contudo, varias outras pesquisas, que também merecem credibilidade, atestam que nos Estados Unidos para ser feliz, uma  pessoa necessita perceber mensalmente a quantia de 95 mil dólares, em reais, aproximadamente 25 mil Reais por mês. Essas mesmas pesquisas aponta que na América Latina um salário de aproximadamente 10 mil reais mensais, basta para gerar um sentimento de felicidade. Pois com essa quantia, a pessoa pode satisfazer suas necessidades básicas, incluindo, lazer.
Ao ler e analisar tais pesquisas diversos questionamentos nos incomodam. A felicidade então tem um Preço? O Ter e mais importante que o Ser? As realizações pessoais não interferem nesse quadro de felicidade? Quando estudamos e buscamos aperfeiçoamento constante, visamos apenas a promoção na firma onde trabalhamos e consequentemente mais salário? A felicidade esta intrinsicamente ligada a bens materiais? Essas indagações e muitas outras refletem não um descrédito em relação às pesquisas que certamente utilizaram métodos científicos, mas um sentimento de impotência e no0s mostra um grande paradoxo, pois, ainda segundo Caselani: “Embora o comportamento humano muitas vezes pareça buscar a realização pelo consumo, não é preciso uma análise sofisticada para concluir que não existe relação direta entre consumo exacerbado e felicidade. Quando as pessoas trabalham mais para consumir mais e atingir a felicidade, acabam por se tornar infelizes por não dispor de tempo suficiente para o lazer”.
Mas a pergunta que nunca cala...você é feliz? Ou um dia vai se considerar feliz?


Prof. Semí Cavalcante de Oliveira


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quarta-feira, 6 de junho de 2018

Feira de Profissões do Grupo Marista

          O Curso de Administração do Unicuritiba esteve presente na Feira de Profissões do Grupo Marista, no dia 26/05/2018. Em destaque na imagem abaixo o Coordenador Profº Wagner Rodrigo Weber, e os Professores Semi Cavalcante de Oliveira e Samir Bazzi.






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A Guerra Comercial Entre Estados Unidos e China e Seus reflexos para a Economia Brasileira

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República a dois anos e compôs seu ministério com nomes medíocres em praticamente todas as áreas, apenas para satisfazer os partidos aliados e conseguir manter-se no poder, a única exceção e que mereceu elogios foi a sua equipe econômica. Contudo, no primeiro semestre de 2018 o responsável pela economia do país, Henrique Meirelles, abandonou seu posto para se aventurar como pré-candidato à Presidência da República. O competente Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, renunciou ao cargo pressionado pela paralização do setor de transporte. 

E paralelamente aos nossos problemas econômicos e políticos internos, uma violenta Guerra Comercial entre as duas maiores potências econômicas mundiais está na iminência de implodir a economia global e afetar de forma drástica a economia brasileira.
Nesse sentido, alguns questionamentos sobre o assunto são inevitáveis: Uma Guerra Comercial? O que é isso?  Por que o aço e o alumínio? Por que nesse momento histórico?  E o que, nós brasileiros, podemos esperar dessa coisa toda?
O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, aprontou mais uma ao anunciar uma sobretaxa de 25% sobre a importação de aço e de 10% sobre a de alumínio pelos Estados Unidos.
O Mandatário norte americano ainda colocou mais combustível no fogo ao utilizar as redes sociais e afirmar que uma guerra comercial é fácil de ganhar. A reação do mercado foi imediata, de forma negativa, e as bolsas sofreram quedas acentuadas ao redor do mundo.
“Foi um posicionamento um tanto inesperado, pois havia quem especulasse sobre uma “ certa” normalização do Governo Trump após sua participação no Fórum Econômico Mundial em Davos. Ele está agindo totalmente ao contrário da posição defendida pelos Estados Unidos naquela ocasião. “Ele agora está aplicando a opção mais dramática diretamente na largada”, diz Marcos Troyjo, economista e diplomata que dirige o BRIClab da Universidade de Columbia.
Medidas protecionistas sempre meteram medo em economias abertas e liberalizantes como a dos Estados Unidos, e sempre foi um ponto de preocupação das administrações anteriores. Mas com a administração Trump tudo é possível. E por que o aço e o alumínio, sobretudo o aço?  E por que agora?
“Trump escolheu aço e alumínio porque são commodities industriais que ele entende e com que se importa, e porque a produção de aço tem ressonância emocional em partes do Meio-Oeste”, afirma Ian Bremmer, Presidente da Eurásia, uma consultoria de risco político.
Ele afirma ainda que Wilbur Ross, o então Secretário de Comércio dos Estados Unidos, fez grandes investimentos no setor siderúrgico e que esse setor já tinha pronto a suas demandas por tarifas assim que Trump foi eleito e assumiu o poder naquele país.
Os papéis das siderúrgicas americanas estão disparando no mercado financeiro, enquanto os títulos dos fabricantes de cerveja e do setor automobilístico sofrem quedas significativas, pois preveem alta de preços em suas matérias-primas.
Especialistas da área econômica alertam para o risco de pressões inflacionárias em uma economia que já está superaquecida, além da represália de parceiros comerciais.
O Brasil destaca-se como um país duramente afetado por essa Guerra comercial, já que foi o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos durante os nove primeiros meses de 2017, atrás apenas do Canadá. A reação do Governo Brasileiro tem sido muito branda e morosa. O Ministério das Relações Exteriores, comandada pelo igualmente questionável Ministro Aloysio Nunes tem se mostrado, no mínimo, temeroso no enfrentamento do prélio.
A guerra Comercial entre Estados Unidos e China com relação ao aço e alumínio, e, por consequência atingiria outros tantos produtos, pode reduzir o crescimento do PIB brasileiro em 1,1% em 2019, afirma estudo do Banco Santander.
O Brasil corre o risco, em última análise, com a elevação de 25% na tarifa média imposta pelos Estados Unidos aos produtos chineses e a proporcional retaliação do País Asiático.
Se acontecer uma desaceleração do crescimento das economias Chinesa e Americana, afirma Adriana Dupita uma das autoras do estudo do Banco, o bolo global vai encolher. E afeta a economia mundial como um todo.
As projeções dos especialistas, sem uma guerra comercial, são de um crescimento para a economia brasileira de 3,2% tanto para 2018 como para 2019. Com a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, essa projeção cai para 2,8 para 2018 e 2,1 para 2019.
Contudo, apesar de relevante, essa queda não mudaria a rota de recuperação econômica do Brasil, segundo o estudo do referido Banco. As condições financeiras seriam a mais afetada, uma vez que é necessário levar em conta os índices de volatilidade do mercado financeiro internacional. Internamente o crescimento, ou a redução dele, afeta diretamente a taxa real de juros e o índice de confiança do consumidor.
Uma guerra comercial entre grandes potências leva a deterioração das condições financeiras internacionais e consequentemente aumenta o medo de riscos o que é prejudicial para os mercados emergentes como o Brasil e América Latina de forma geral.
O medo de se arriscar conduz ao aumento das taxas de juros internacionais e assim, os investidores fogem dos mercados emergentes e correm para papeis de menor risco, como os títulos do tesouro americano que oferecem risco zero.
O aumento em 25% nas tarifas bilaterais entre Estados Unidos e China, leva a economia global a uma assustadora desaceleração em 2018 de 1,3% e de 7,6% em 2019. O preço das commodities (leia-se minério de ferro e soja no caso brasileiro) pode cair em 2,5% em 2018 e 15% em 2019. Uma verdadeira tragédia para a balança comercial brasileira.
Uma disputa comercial dessa magnitude leva os produtos tarifados a um aumento de preços num primeiro momento, mas caem significativamente depois. A explicação é simples: O aumento dos preços tende a derrubar a competitividade e o volume das transações desses produtos em escala mundial, enfraquecendo, dessa forma, o comercio como um todo.
Definitivamente, essa guerra comercial não será benéfica para os exportadores brasileiros, assim como para América Latina de forma geral. A China (22%) e a Latino América (19%) juntas representam quase a metade das exportações brasileira.
Para cada ponto percentual de redução do crescimento da China, as exportações brasileiras perdem 3%. Pela combinação de menor preço e menor quantidade exportada.
Como as exportações representa apenas 12% na formação do PIB, a queda levaria a um impacto não muito relevante sobre o crescimento econômico brasileiro. Contudo, as autoridades econômicas brasileiras poderiam se posicionar de maneira mais intensa e agressiva nesse combate, uma vez que, qualquer ponto percentual de não crescimento ou mesmo de redução na nossa pouco sustentável economia representa muito para nosso empresariado e para o povo brasileiro de forma geral. Sobretudo, na geração de empregos - um dos piores indicadores da economia brasileira atual, que reflete a falta de investimentos tanto do governo quando do setor privado.

Prof. Semí Cavalcante de Oliveira – Economia Brasileira
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quinta-feira, 24 de maio de 2018

O Preço dos Combustíveis, a Crise Cambial e a Inércia do Governo Temer

Prof. Semí Cavalcante de Oliveira
Desde 2017 a política de preços da Petrobrás mudou. A estatal deixou de manipular e manter de forma artificial o preço dos combustíveis internamente (Política esta praticada de forma corriqueira no governo do Partido dos Trabalhadores) e passou a refletir no mercado interno o preço de acordo com o mercado internacional do Petróleo, o que é lógico e racional.
Deste o início de 2018 este produto vem seguindo (aumentando) os preços de acordo com os pregões internacionais. Nesse sentido, é uma política correta, afinal o Brasil é uma economia de mercado, e, assim sendo, o mercado, com seus mecanismos de controle (leia-se a lei da Oferta e da Demanda – livre concorrência). Como os combustíveis são produtos essenciais para a atividade econômica e o mercado totalmente livre pode gerar especulações e abusos na prática dos preços, o Governo Federal tem suas Agencias Reguladoras para estabelecer a ordem. Assim deveria ser de acordo com os princípios neoliberais.
Mas o Petróleo é uma commodities, e como tal, seu preço é cotado em dólar. E com a crise cambial vivida de forma global, motivada por questões políticas e econômicas, sobretudo, pelas decisões levadas a cabo pelo Governo dos Estados Unidos da América neste primeiro semestre de 2018, a Taxa de câmbio, principalmente nos países com déficits externos muito elevados e com fundamentos macroeconômicos pouco sustentáveis, tem sido pressionada para cima.
De acordo com o Economista Lucas Dezordi, a partir de 4 de julho de 2017 a Petrobrás implantou uma política de reajustes constantes e consistentes de preços com base no cenário internacional. Desde esse período, tanto gasolina como Diesel sofreram um aumento considerável em seus preços. E os motivos são óbvios já que o Petróleo é dolarizado.
Diante desse quadro o que fazer? A população de forma geral deve buscar alternativas, tais como, mudanças de hábitos e costumes procurando diminuir seu consumo de combustível. A sociedade civil organizada deve - e já está mobilizada -  pressionar as autoridades econômicas na busca de uma solução que suavize os percalços, sobretudo, em setores cruciais como o transporte rodoviário, que já é bastante penalizado pelos altos preços dos pedágios ou das estradas sem o mínimo de estrutura. E o Governo Federal? O que ele pode fazer? 
O já desgastado e impopular Governo de Michel Temer, que até cogitou em colocar seu nome como pré-candidato a reeleição, mas desistiu devido às baixas intenções de votos que seu nome obteve nas pesquisas (0,8%), convocou (22/05/2018) às pressas uma reunião com sua equipe econômica e com o competente Presidente da Petrobrás, Pedro Parente. 
E qual foi a importante decisão que tomaram nessa reunião de emergência? De suspender a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, criada a partir da Lei 10.336/2001, que incide sobre a importação e comercialização de combustíveis), que na prática não vai alterar em praticamente nada o preço dos combustíveis na bomba. O consumidor final sequer vai perceber essa redução insignificante na hora de abastecer. 
No dia 23/05/2018, o Congresso no uso de atribuições (sempre lentas e morosas) deixou de discutir as questões alusivas à privatização da Eletrobrás e retomou as votações sobre a Reoneração da Folha de Pagamentos e aproveitaram para isentar empresas de determinados setores em relação a cobrança do PIS/COFINS (até o final de 2018) sobre o Diesel. Foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas ainda resta o Senado. Enquanto isso, o País está parado devido à greve dos caminhoneiros que coloca a sociedade em risco eminente de desabastecimento geral, não apenas de combustíveis, mas de gêneros de primeira necessidade, pois, sem transporte os produtos não chegam aos consumidores finais.
Se o governo Federal se vê impossibilitado de intervir de forma mais agressiva no setor de combustíveis, uma vez que não depende apenas dele, já que a violenta crise cambial altera de forma substancial o cenário internacional do Petróleo. Ele poderia utilizar algumas soluções internas. Não subsidiando o preço dos combustíveis, pois tal recurso poderia colocar novamente em risco a nossa maior empresa estatal e representaria um retrocesso a políticas equivocadas implantadas pelo governo anterior. Mas poderia sim buscar aliviar o consumidor em outros setores vitais e urgentes da economia, procurando caminhos pelas frestas das leis objetivando reduzir ou isentar determinados esferas da economia (não apenas o Diesel) da pesada carga tributária. Mesmo que temporariamente, já seria uma forma de tirar dos ombros dos brasileiros mais esse ônus.
O inexistente governo de Michel Temer não conseguiu se antecipar a crise a muito tempo anunciada e agora não sabe o que fazer para superá-la de forma efetiva. O Brasil está literalmente sem governo. Entretanto, não é tempo de perder as esperanças, pois 2018 é um ano eleitoral e você tem em suas mãos uma arma poderosa e inquestionável, o seu voto.


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terça-feira, 17 de abril de 2018

Conhecendo O Cooperativismo Paranaense

José Ronkoski[1]

O cooperativismo fundamenta-se em uma doutrina que nasceu da necessidade das pessoas cooperarem entre si para, em conjunto, obterem crescimento econômico e qualidade de vida. 
O seu destaque pode ser encontrado na geração de empregos, pagamento de impostos, contribuindo de forma significativa com o crescimento e desenvolvimento das economias local, nacional e internacional. 
Este texto tem como objetivo apresentar a importância do cooperativismo para o desenvolvimento da economia paranaense, começando com um breve relato sobre a origem desse movimento. 

Com a revolução industrial, no século XIX, surge em âmbito mundial um novo cenário político, social e econômico. A mão-de-obra perdeu grande poder de troca em relação ao capital. É nesse contexto que os operários perceberam a necessidade de organização. 
A primeira cooperativa foi fundada na Inglaterra, em 21 de dezembro de 1844, por vinte oito tecelões, entre os quais havia uma mulher. Na ocasião foram criados princípios básicos do cooperativismo (Princípios de Rochdale), que até hoje vigoram. 
Hoje, o cooperativismo reúne cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, independentemente dos regimes políticos das nações, do tipo da economia e da religião de seus integrantes. As cooperativas estão presentes em 100 países e geram mais de 100 milhões de empregos.
No Brasil, existem 6.587 cooperativas com cerca de 12,7 milhões de cooperados. O cooperativismo brasileiro possui uma legislação específica, a Lei Federal 5.764/1971, que, no artigo 4º, define cooperativa como “uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica própria, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, com objetivo comum distinguindo-se das demais sociedades”. 
No Paraná, os primeiros movimentos marcados pela cooperação surgiram no ano de 1829, com a chegada de um grupo de 248 imigrantes alemães que fundaram a Colônia Rio Negro, hoje município. Estes imigrantes já traziam entre seus valores a prática da cooperação e logo procuraram organizar sua vida comunitária em estruturas baseadas em atividades em comum, tanto na compra e venda de produtos, quanto em suas necessidades de educação e lazer (Ocepar, 2018).
Participando dos diversos ciclos econômicos do Estado do Paraná, as cooperativas expandiram as fronteiras agrícolas e passaram a desenvolver-se também no meio urbano, principalmente nas áreas da saúde, trabalho, serviços, crédito, consumo, educação e habitação (Ocepar, 2018). 
Atualmente, o cooperativismo paranaense é formado por 221 cooperativas, que agrupam mais de 1,5 milhão de cooperados e geram cerca de 3,8 milhões postos indiretos de trabalho. A Figura 1 apresenta a distribuição das cooperativas no Estado do Paraná.

Figura 1: Distribuição das Cooperativas no Paraná
Fonte: Banco de Dados Ocepar, 2018

 
A opção do cooperativismo paranaense é pelo desenvolvimento das pessoas, cooperativas e comunidades, com organização econômica e social e, sobretudo, pelo criterioso planejamento de ações. Mesmo em um cenário nacional desfavorável para a economia, em 2017, o faturamento das cooperativas cresceu R$ 1,3 bilhão, para R$ 70,6 bilhões, com 89.000 empregos diretos e milhares de oportunidades de negócios, no campo e na cidade, gerando mais de R$ 2 bilhões em impostos.
E quais são os fatores que levam a um resultado tão expressivo? Sem dúvida, o resultado é um esforço da união de pessoas em busca de um objetivo comum e de uma gestão qualificada na condução do negócio cooperativo, baseada nos princípios cooperativistas.
Na próxima oportunidade, vamos apresentar de forma mais detalhada os princípios cooperativistas que são fundamentais ao desenvolvimento de uma administração profissional do segmento.
Quero encerrar com a frase do Henry Ford: “Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso e trabalhar juntos é sucesso”. 


[1]Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professor do Curso de Administração do Centro Universitário Unicuritiba – UNICURITIBA 
E-mail: Ronkoski.j@gmail.com   
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quarta-feira, 4 de abril de 2018

A Inflação no Brasil Abaixo Do Centro Da Meta: É Bom?

Prof. Semí Cavalcante de Oliveira

Para quem viveu os famigerados anos 1980 – considerada a década perdida em termos de economia, quando o Brasil viveu uma recessão econômica que muitos economistas consideram tão profunda quando a dos anos 1930, pós quebra da Bolsa em Nova Iorque.
Durante a década de 1980 o Brasil viveu um processo inflacionário galopante, que ao final do Governo José Sarney (1985 – 1989) beirava os 2000% a.a.
Foram anos difíceis aqueles.  E não faz muito tempo, no Governo Dilma Rousseff (2011 – 2016) a inflação começou a esboçar uma escapadela do controle das autoridades monetárias. Muitos ficaram apreensivos, será que vamos reviver aqueles? 
Não, acho que não, uma vez que até março de 2018 o acumulado da inflação esta abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil – Bacen, que é de 4,5 %.
Viver com uma inflação baixa e controlada é bom, pois, nos dá a chance de planejar o futuro e consequentemente da margem para queda da taxa básica de juros. Isso é muito bom, pois aquece o consumo e aumenta o índice de confiança do empresário.
Com um processo inflacionário no menor nível para março desde a implantação do Plano Real (1994), o Brasil concretiza um cenário de mais previsibilidade, segurança e prosperidade. Em março de 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice oficial de preços do País variou apenas 0,09%.
Inflação baixa constitui que os preços dos principais produtos, na média, não sofreram grandes flutuações entre um período e outro. Quanto menor a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), menor é a alteração nos preços de itens importantes para o consumo das famílias.
Um ambiente de inflação baixo é uma amparo para a sociedade. Até o início dos anos 1990, quando os preços estavam descontrolados e eram reajustados mais de uma vez por dia, o dinheiro dos trabalhadores perdia o poder aquisitivo rapidamente. Os produtos de primeira necessidade, por exemplo, podiam ter um aumento de 100% em seu preço em um único dia.

Esse pretérito está cada vez mais se perdendo no retrovisor da história econômica do Brasil e as novas gerações vão conhecer esses dilemas apenas nos livros de história. Para os economistas, essa taxa de março de 2018 abre espaço para que o Brasil labute para manter a inflação em nível baixo e para que seus benefícios sejam permanentes e ajudem no desenvolvimento social e numa mais justa distribuição de rendas.


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terça-feira, 3 de abril de 2018

Gestão Da Inovação E O Papel Do Administrador

Prof. Samir Bazzi

Pode parecer estranha essa afirmação, mas desde os primórdios do seu desenvolvimento o ser humano vem promovendo a inovação, já que, de acordo com Marc Adam (Vice-Presidente de Marketing da 3M), a inovação nada mais é do implementar ideias com um certo êxito. Além do que, a capacidade de inovar é o que nos diferencia dos outros seres vivos.

É interessante quando olhamos para o homem primitivo “inovador”, principalmente em razão das inúmeras adversidades que ele enfrentava (sejam geográficas, ambientais, físicas etc.), e vislumbramos o desenvolvimento da sua habilidade de associar dados em informações e gerar novas soluções frente às suas adversidades. Mais interessante ainda é perceber como os outros indivíduos assimilavam essas “inovações” dentro dos seus grupos sociais.

Com isso pode-se concluir, desde o início da humanidade, que o conhecimento é um dos geradores da inovação, haja vista que o conhecimento adquirido é utilizado no processo de geração de ideias novas que se tornarão em futuras inovações. Isto revela uma característica construtivista do processo evolutivo humano desde os seus primórdios. Não posso afirmar, no entanto, que o presente é derivado exclusivamente do passado, mas sim, que cada evento tem o seu passado.

Alvin Toffler, em seu livro A Terceira Onda, deixa essa relação bem clara, onde ele afirma que as grandes evoluções da humanidade ocorreram na forma de ondas, sendo primeiramente assimiladas de uma maneira bem sutil, para depois passar vir a ser incorporada no dia a dia, até que se atinja um estágio mais avançado (o topo da onda), onde o novo ultrapassa o antigo, fazendo com o antigo fique no passado em razão da assimilação da nova solução.

É importante destacar uma colocação muito pertinente sobre inovação: uma inovação caracteriza-se pelo lançamento com sucesso de algo novo ou de uma maneira nova no mercado. Sem o sucesso, o produto, processo ou serviço não se caracterizará como inovação.

O progresso tecnológico é um avanço na tecnologia, sendo que tal avanço freqüentemente toma a forma de novos métodos de produzir os bens existentes e de novas técnicas de organização, comercialização e gerência. É importante neste ponto fazer uma distinção entre progresso tecnológico e uma mudança de técnica. Enquanto o progresso tecnológico é um avanço no conhecimento, uma mudança na técnica é uma mudança no método utilizado de produção. Embora o progresso tecnológico possa resultar numa mudança na técnica, não é preciso que isto sempre ocorra. Nem todas as mudanças na técnica são devidas ao progresso tecnológico.

O processo de inovação não deve ser confundido com o de inventar. O inventor é aquele que nos traz algo novo que surge de suas idéias, de sua criatividade, que nem sempre terá alguma aplicabilidade imediata ou que estará associado à absorção pelo mercado, aos aspectos econômicos, ou ainda, com relação a forma de como sistematizar um processo.

A inovação possui múltiplas abordagens, esta atividade requer flexibilidade e velocidade, e tudo isso devido ao rápido avanço de novas idéias que surgem a cada instante, que são sentidas através da percepção e que é, apesar das metodologias e padrões, intuitiva por causa dos problemas imprevistos que ocorrem no decorrer de todo o processo.

Desta forma é necessária certa precaução, pois as inovações podem tanto valorizar como destruir as competências que uma empresa adquiriu ao longo de sua existência, as competências requeridas estão representadas pelo conhecimento acumulado, sobre o domínio de determinada tecnologia e sobre os processos existentes e praticados. 
O cuidado deve se dar no sentido de alinhar as práticas de inovação às diretrizes da empresa, pois a gestão da inovação pode ocorrer em relação aos produtos, serviços e processos. A inovação baseada no conhecimento pode levar muitos anos até que se torne em algo concreto, produto ou serviço, pois em suas pesquisas jamais são levadas em consideração somente uma variável ou caso isolado, mas a convergência de vários tipos de conhecimento, a periodicidade de ocorrências, uma análise madura, deve ser uma pesquisa que traga mudanças, crie desejos e onde ninguém pode, antecipadamente, dizer se o usuário será receptivo, indiferente ou resistente.

As grandes mudanças por que passa a Economia mundial incluem elementos como as inovações tecnológicas e sua difusão, know-howmais complexo, novas tecnologias de serviços baseadas em computadores e globalização da concorrência e dos mercados. Tudo isso demanda mudanças no paradigma empregado para administrar as empresas, e, principalmente, no papel do administrador destas empresas.

Qualquer empresa que trabalha com Inovação (principalmente elas, não desprezando as demais, de maneira alguma), é influenciada por seis fatores principais: capital, mão-de-obra, administração, produtos, recursos e tecnologia. O capital fornece a capacitação financeira para organizar os demais fatores necessários em torno de operações produtivas. A mão-de-obra e a administração, por sua vez, proporcionam capacidade e aptidões organizacionais, assim como o conhecimento necessário para executar tais operações. Os produtos, na forma de bens, processos e serviços, repõem e incrementam o capital das operações produtivas por intermédio de marketing e vendas. Já os recursos fornecem os materiais e a energia necessários para fabricar os produtos resultantes das operações. E a tecnologia representa os conhecimentos, aptidões, técnicas e ferramentas empregadas para transformar os recursos em produtos manufaturados pelas operações.

Todos estes fatores têm que ser administrados, o que requer atenção aos detalhes, responsabilidade, planejamento, implantação, supervisão e disciplina, além de avaliação. Estes são uns dos principais papéis do administrador na gestão da inovação. Por exemplo, a administração do capital implica levantá-lo, decidir a respeito do controle das despesas e distribuir o os resultados de seu crescimento. A mão-de-obra e a administração também precisam de gerenciamento, incluindo organização, recrutamento de pessoal, avaliação, sistema de salários e formação de equipes. Os produtos demandam gerenciamento do design, produção, marketing e assistência técnica. Os recursos requerem gestão da aquisição, processamento, montagem, segurança e conservação. Da mesma forma a tecnologia precisa de gerenciamento, incluindo estratégia e planejamento tecnológicos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produtos, processos e serviços.

Desse modo, outra mudança do paradigma de administrador surge no horizonte, referente ao gerenciamento das modificações e da tecnologia empregada. Acrescento com isso mais dois eixos ao estilo do administrador da gestão da inovação: considerar o tempo como um recurso, e, criar equipes interdisciplinares para o desenvolvimento de produtos. O administrador deve entender como funciona a Inovação e os seus estágios. Isso ajuda a inovação a acontecer com mais freqüência nas empresas e com melhores resultados.
Esse texto é uma parte adaptada de um artigo científico que escrevi há alguns, e que foi publicado na Revista Científica da FAESP. Como é interessante perceber que esse assunto está mais em voga do que nunca, e lá nos idos de 2007 ainda era algo meio insipiente.




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