terça-feira, 16 de outubro de 2018

As Eleições, a Economia e o Empresariado

Um quatro eleitoral indefinido (apesar das pesquisas eleitorais apontarem o favoritismo do candidato da direita), um segundo turno do processo eleitoral, que desagrada a maioria dos eleitores. A instituição do voto útil sendo colocada em prática como nunca na história das eleições no país. A esquerda junto com amplos segmentos do centro, buscado o apoio de um eleitorado perdido, e, justificando, “eu sou ruim, mas eles são piores”. E a direita agindo da mesma forma. Isso é valido? Sim, isso é válido e até pode ser até saudável para a democracia. Melhor, mais apropriado e mais saudável para a democracia, seria se a discussão girasse em torno de ideias e propostas, o amadurecimento democrático certamente agradeceria.
Contudo, alguns setores são extremamente sensíveis quando o cenário político e sobretudo o cenário político-eleitoral não se define. Um desses setores é o econômico, onde os termos credibilidade e confiança são fundamentais. 
Quando a confiança do investidor - tanto de curto, médio e longo prazo - e a do empresário ficam abaladas a economia de um país tende a estagnar, sobretudo, por falta de investimento, que acarretara um número considerável de consequências negativas.
Nesse contexto político eleitoral brasileiro de 2018, ainda totalmente indefinido e na disputa candidatos que não se comprometem com reformas estruturais que o Brasil vem carecendo a décadas, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), publicaram uma pesquisa sobre o nível de confiança das micro e pequenas empresas, que são responsáveis por expressivos índices na geração de empregos diretos e indiretos.
De acordo com a pesquisa que demonstrou uma estagnação do índice de confiança e uma visão bastante negativa em relação a economia brasileira dos micro e pequenos empresários. Nem mesmo o Indicador de Condições Gerais, que afere a percepção dos últimos meses, que ficou em 39,8 pontos e o Indicador de Expectativas, que projeta um horizonte vindouro de seis meses, que marcou 59,4 pontos, foram capazes de injetar ânimo e confiança desse segmento do empresariado na economia brasileira. 
Reproduzo abaixo a pesquisa, a metodologia e à reportagem publicada a respeito.
Às vésperas das eleições, confiança da micro e pequena empresa fica estagnada em 51,0 pontos, apontam CNDL/SPC Brasil 
Indicador mostra que empresários têm visão mais negativa sobre a economia do país do que do próprio negócio; 56% estão otimistas com futuro da empresa, mas maioria não sabe explicar razões.
A proximidade com eleições não alterou o quadro da confiança dos micro e pequenos empresários. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o índice registrou 51,0 pontos em setembro frente 51,1 pontos em agosto. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que o resultado observado está muito próximo da marca que separa o ambiente de otimismo e pessimismo dos empresários.

De acordo com o levantamento, a avaliação do atual desempenho da economia tem puxado o indicador para baixo, em contraste com as perspectivas para o futuro da própria empresa e da economia, que apresenta pontuações melhores. Já o Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção dos últimos meses, ficou em 39,8 pontos e o Indicador de Expectativas, que projeta um horizonte futuro de seis meses, marcou 59,4 pontos.
“Os dados mostram que a maioria dos empresários de menor porte está otimista com o futuro, mas ainda em compasso de espera. Alguns indicadores macroeconômicos apresentam sinais de melhora, mas as disputas eleitorais sempre geram incerteza. Isso faz com que a confiança não deslanche, mas também não retroceda aos patamares do auge da crise”, afirma o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
Micro e pequenos empresários avaliam que economia piorou, embora percepção sobre desempenho dos negócios seja menos negativa
Mais da metade (53%) dos micro e pequenos empresários consideram que a economia piorou nos últimos seis meses. Apenas 17% dos entrevistados notaram uma melhora no período. Por outro lado, quando analisado o desempenho do próprio negócio, a percepção é um pouco melhor, já que 24% notaram avanços na sua empresa, enquanto 36% observaram uma piora.
Dentre os que perceberam uma piora em seus negócios, a queda das vendas desponta como principal razão, mencionada por 77% dos entrevistados. Outros 30% destacaram aumento nos preços de matéria prima e produtos, enquanto 10% ainda sentem consequências da inadimplência de seus clientes. Para os que notaram melhora na performance do próprio negócio, mais de metade (61%) disse ter vendido mais no período e 23% atribuem a uma melhora da gestão da empresa.
Mais da metade dos entrevistados mostra-se confiante com futuro da própria empresa e 36% acreditam na melhora da economia
Se o último semestre frustrou a maioria dos micro e pequenos empresários, o indicador mostra que as expectativas para os próximos meses são de otimismo. Em termos percentuais, mais da metade (57%) disse estar confiante no futuro do próprio negócio, ante 11% que demonstrou pessimismo. Entre os que demonstram confiança, a maior parte (29%) novamente afirma fazer uma boa gestão da empresa. Além desses, 27% alegam não saber ao certo a razão de estarem otimistas, apesar de acreditarem que coisas boas irão acontecer.
Pensando na economia, os resultados são um pouco piores, mas ainda há um clima de otimismo: 36% estão confiantes, mas quase a metade (47%) também não sabe justificar os motivos. Além disto, 21% apostam no amplo mercado consumidor e 21% esperam um cenário político mais favorável. Embora a maioria relativa dos entrevistados tenha boas expectativas com relação ao futuro do próprio economia, há os que se consideram pessimistas (24%), principalmente em razão das incertezas políticas (65,6%).
Para 39% dos MPEs, desempenho das vendas foi satisfatório em agosto; 46% acreditam em aumento do faturamento para próximos seis meses.
De acordo com o levantamento, 39% consideram ter tido um bom desempenho de vendas. Para 41%, o resultado foi regular e 18% avaliam como ruim ou péssimo. Em relação às perspectivas para os próximos seis meses, a maior parte acredita que o faturamento irá crescer (46%) e apenas 4% apostam em queda na receita. Já 42% esperam um faturamento igual.
Entre os que têm expectativa de crescimento no faturamento, 32% atribuem essa performance a novas estratégias de vendas. Outros 31% não possuem uma razão concreta, 24% apostam na diversificação do portfólio de produtos para ampliar a receita e 19% pretendem investir na melhoria da gestão. “O segundo semestre tem datas comemorativas importantes para o varejo que devem aquecer as vendas. É natural perceber esse otimismo com relação ao faturamento”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Ainda segundo a sondagem, 43% conseguiram realizar alguma melhoria no negócio nos últimos seis meses, contra 56% que não conseguiram. As principais melhorias destacadas são: compra de equipamentos (34%), reforma da empresa (32%), ampliação do estoque (28%), qualificação da mão-de-obra (14%) e ampliação do portfólio de produtos (13%).
Metodologia
O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”. Baixe a íntegra do Indicador de Confiança MPE e a série histórica no link: https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos


Prof. Semí Cavalcante de Oliveira 

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