quarta-feira, 10 de junho de 2020

O destino incerto da aviação em tempos de Covid-19

Autor: Samuel Ramos, aluno do módulo E do curso de Administração do Unicuritiba e monitor do professor Me. Rafael Augusto Lourenço na disciplina de contabilidade gerencial e financeira.

O portal do G1 no dia 05/03/2020 publicou uma matéria com base em estimativas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), informando que as perdas das companhias aéreas, devido a pandemia do covid-19, poderiam alcançar até 113 Bilhões de dólares. Essa pesquisa, realizada no início de março, levava em conta um cenário mais otimista, no qual a disseminação do vírus fosse mais contida. Analisando as estatísticas atuais, é sensato afirmar que as perdas serão expressivamente maiores do que esta primeira estimativa.  É de uma ironia cruel observar que a aviação, como um meio de conexão entre países em todo globo, foi involuntariamente uma grande responsável pela disseminação do coronavírus pelo mundo, uma vez que, vivemos em uma sociedade globalizada, onde limites territoriais já não são um impasse para as inter-relações entre governos e indivíduos. A realidade é que agora, com a enorme redução de viagens e até mesmo inúmeras restrições para a entrada de viajantes em determinados países (como foi o caso dos Estados Unidos, em um decreto assinado pelo presidente Donald Trump, determinando que por tempo indeterminado, viajantes que tenham passado pelo Brasil nos últimos 14 dias anteriores a tentativa de ingresso no país serão impedidos de tal ato), as companhias aéreas enfrentam possivelmente a maior crise já vista na história para a categoria. Essas empresas precisam buscar maneiras de se manterem ativas para evitar a consequência máxima: a falência, destino este que a maior companhia aérea regional da Europa não conseguiu escapar. 


Em sua matéria do dia 05/03/2020, o jornal The Guardian, menciona que a Flybe, fundada em 1979, operou por quatro décadas na Europa, e foi responsável por aproximadamente 40% dos voos domésticos do Reino Unido. A companhia já vinha sofrendo crises financeiras e no início do ano o governo britânico havia anunciado um aporte fiscal na tentativa de reverter a situação. Mas, com o impacto do coronavírus, o destino foi traçado e no dia 5 de março a empresa anunciou o encerramento de todos seus voos, e com isso cerca de 2 mil empregos foram perdidos. Mais recentemente, temos o caso da Latam Airlines (a maior companhia aérea da América Latina) que emitiu um comunicado de recuperação judicial para suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos, novamente, devido as consequências da pandemia. Após o anúncio as ações da companhia caíram 39,92% na Nyse (New York Stock Exchange) pouco antes de serem suspensas, algo comum após empresas emitirem pedido de proteção judicial.


Outras companhias que ainda estão funcionando com baixa demanda se encontram em um beco sem saída, visto que mesmo com as aeronaves mantidas fora de operação nos aeroportos, há um grande custo de manutenção. Como relata a companhia aérea KLM através de seu porta voz: "Um avião estacionado, sem previsão de retorno para operar, não pode ser deixado parado até a companhia precisar dele novamente. Uma aeronave deve ser mantida em condições de operação, para que possa voltar às atividades assim que for necessário” (UOL NOSSA, 2020). Além disso, há inspeções periódicas a serem realizadas, sistemas de direção devem ser testados e a cabine arejada. Todos esses elementos estão envolvidos no custo apenas para manter as aeronaves em pleno funcionamento. Porém é importante ressaltar que as operações de uma companhia aérea envolvem centenas de colaboradores nas mais diversas áreas de atuação, e ainda é um desafio para essas organizações traçar estratégias de como realocar esses funcionários para que possam realizar suas tarefas remotamente se possível, e nos casos onde não se aplica, elaborar meios para contornar essa situação, evitando demissões em massa, que causariam um custo ainda maior. Certamente não há como responsabilizar nenhuma organização pela falta de preparo neste período, visto que esta situação é algo sem precedentes na história recente. Toda nossa maneira de viver, nossas relações, nosso consumo, a forma como nos conectamos se transformaram completamente nas últimas décadas, e, com certeza, a década de 2020, na qual estamos ainda nos primeiros meses, será decisiva sobre que rumos a sociedade irá tomar. 


REFERENCIAS
Flybe: airline collapses two months after government announces rescue. The Guardian, 05 mar. 2020. Disponível em: <https://www.theguardian.com/business/2020/mar/05/flybe-collapses-two-months-after-government-announces-rescue>.Acesso em: 15 maio 2020.

Novo coronavírus pode causar perdas de até US$ 113 bilhões no transporte aéreo de passageiros em 2020. G1, 05 mar. 2020. Disponível em:<https://g1.globo.com/google/ amp/ economia/noticia/2020/03/05/novo-coronavirus-pode-causar-perdas-de-ate-us-113-bilhoes-no-transporte-aereo-de-passageiros-em-2020.ghtml>. Acesso em: 15 maio 2020.

VINCENTI, Marcel. Coronavírus: o que as companhias estão fazendo com os aviões parados. Uol Nossa, 2020. Disponível em:<https://www.uol.com.br/nossa/noticias/ redacao/2020/04/17/coronavirus-o-que-as-companhias-estao-fazendo-com-os-avioes-parados.htm>. Acesso em: 15 maio 2020.



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