quarta-feira, 24 de junho de 2020

Economia x Saúde: Como conciliar e manter o equilíbrio entre ambos os lados




O monitor Ismael Santos Nobre, com a orientação do professor Rafael Augusto Lourenço, apresenta sua opinião em relação à importância do equilíbrio de ações para a saúde e para a economia diante da pandemia.

Artigo de Opinião – Ismael Santos Nobre
Orientador – Prof. Me. Rafael Augusto Lourenço


Estamos vivendo em nossa atualidade uma crise sem precedentes. Pelo menos para parte da população mundial, será a primeira grande crise no que tange a saúde e a economia ao mesmo tempo. Temos que enfrentar um inimigo invisível aos nossos olhos, que ataca de forma silenciosa, mas que pode ser letal!

Ainda se não bastassem as batalhas que estamos enfrentando sem nenhuma arma de combate eficaz (vacina ou tratamento confiável), outro pilar fundamental para a subsistência humana está sendo duramente atingido..... a Economia.

Sim, a saúde sempre vem em primeiro lugar! Mas como manter a saúde em dia, com uma alimentação saudável, bons hábitos de higiene, ficar em quarentena/isolamento social para proteger-se e proteger o próximo também, sem condições de subsistência? O que dizer das pessoas que não têm as mínimas condições financeiras? Daquelas que trabalham de forma autônoma e dependem constantemente do trabalho do dia a dia para conseguir trazer para casa o pão de cada dia? 




Bruno Villas Boas, em sua reportagem do dia 31/03/2020 no portal Valor Econômico, mencionou que, segundo dados atualizados do IBGE, o Brasil tem aproximadamente 38 milhões de trabalhadores na informalidade, considerando dados até o mês de fevereiro de 2020. A grande maioria vive em periferias e favelas onde não há nem saneamento básico para manter as condições mínimas de higiene.

O que vemos nesta crise é um embate entre a economia versus a saúde, como se uma fosse mais importante que a outra, mas ambas não sobrevivem sozinhas!

É preciso tomar decisões inteligentes, que não prejudiquem nenhum dos lados. O Covid-19 mata; mas a fome também! Não podemos esquecer disso. Por isso deve-se tomar as decisões em equilíbrio. É preciso fazer um isolamento social inteligente; mas que não pare a economia, pois as consequências de ambos os lados são catastróficas.

Muito se fala em comparações entre o Brasil e restante do mundo, onde temos diversas diferenças que não são levadas em conta e nem analisadas com os devidos critérios, como a idade da população, o número de habitantes por quilometro quadrado, o clima, a renda e diversos outros fatores determinantes.

O Brasil é incomparável por essas razões, como dizia o Ex Ministro da Saúde em suas entrevistas, “o Brasil equivale a um continente e as medidas adotadas não podem ser uniformes e concomitante em todos os Estados e os mais de 5.000 Municípios”.

Não faz sentido generalizar todo o território nacional por conta de epicentros totalmente concentrados em certas regiões. Isso pode causar graves consequências. Tivemos casos de cidades que entraram em quarentena severa sem ter nenhuma notificação de casos confirmados. Atitudes como estas, tomadas sem análise inteligente, acabam por gerar outras crises, como a econômica por exemplo.

É preciso propor um isolamento eficaz! Nem horizontal e nem vertical, mas de forma inteligente que seja mais "forte" para as pessoas que pertencem aos grupos de riscos e para as pessoas que não estão presentes neles, que elas possam trabalhar de uma forma mais segura.

Chloé Pinheiro, em sua matéria do dia 09/04/2020 no portal Veja Saúde, mencionou que aproximadamente 80% dos casos são de pessoas assintomáticas ou que tem sintomas bem leves. Também tem que ser levado em consideração a subnotificação que temos no Brasil, pois são testados apenas os casos mais graves, então podemos supor que o percentual de casos fatais está bem distorcido da realidade.

Ricardo Galhardo e Daniel Bramatti, em sua reportagem do dia 15/05/2020 no portal O Estado de S. Paulo-Saúde, mencionam que, um estudo feito pela USP e UNIFESP com o apoio do Instituto Semeia e integrantes do Laboratório Fleury e Ibope Inteligência, nos seis bairros de São Paulo com maior incidência de Covid-19, constatou-se que 91,6% dos casos ficaram fora das estatísticas oficiais por diversos motivos, entre eles os casos leves e os assintomáticos! 



Mencionam ainda que no Rio Grande do Sul um estudo semelhante foi coordenado pela Universidade federal de Pelotas, onde foi constatado que há estimativas que para cada uma pessoa que seja identificada como caso positivo, se tenha nove casos ainda não descobertos.

O resultado que temos hoje é um Presidente da República preocupado com a economia nacional e os estragos sem precedentes que o Covid-19 deixará ao país. Enquanto muitos Governadores utilizam o atual momento como palanque político e propaganda eleitoral gratuita diária, pregando um terror sem qualquer planejamento econômico e o mesmo no que tange a saúde para a população geral que governam.

Visto isso, podemos afirmar que há necessidade de uma nova normalidade, com um distanciamento social inteligente sem atrasos para a economia, pois ambas precisam andar lado a lado (economia e saúde).

Não é questão partidária ou ideologia política que estamos debatendo, mas sim uma crise obscura que estamos prestes a enfrentar caso o governo não consiga conciliar e manter um equilíbrio entre economia e saúde.

A conclusão é simples, toda essa quarentena (necessária), porém desordenada, que os Governadores e Prefeitos estão adotando sem nenhum planejamento ou ajuda econômica à sua população, levará a morte de milhares de pessoas por questões econômicas já que visam apenas a briga política disfarçada de preocupação com a vida do cidadão.

No estilo que está sendo realizada esta quarentena, que se estenderá, sem dúvidas, de maneira ineficiente até 2021, ela está tornando-se apenas o ensaio para a próxima grande recessão que acometerá o país nos próximos anos.





REFERÊNCIAS

GALHARDO, Ricardo; BRAMATTI, Daniel. Estudo inédito detecta anticorpos ao coronavírus em 5% dos moradores da cidade de São Paulo. O Estado de S. Paulo, 2020. Disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-inedito-detecta-anticorpos-ao-coronavirus-em-5-dos-moradores-da-cidade-de-sao-paulo,70003304706>. Acesso em: 20 maio 2020.

PINHEIRO, Chloé. Casos sem sintomas, leves e graves: as diferentes evoluções do coronavírus. Veja Saúde, 2020. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/ casos-sem-sintomas-evolucoes-coronavirus/>. Acesso em: 14 maio 2020.

VILLAS BOAS, Bruno. IBGE: País tinha 38,08 milhões na informalidade até fevereiro, mostra IBGE. Valor Econômico, 2020. Disponível em: <https://valor.globo.com/brasil/ noticia/2020/03/31/ibge-pais-tinha-3808-milhoes-na-informalidade-ate-fevereiro.ghtml>. Acesso em: 14 maio 2020.

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