quinta-feira, 2 de março de 2017

Heineken, Kirin e Schincariol: o que há de comum entre essas marcas além da cerveja?


Professora Mônica de Faria
Mascarenhas e Lemos

A empresa Heineken, holandesa, iniciou suas atividades na produção de cerveja em 1873 pelas mãos do empreendedor Gerard Heineken.  Atualmente a família Heineken continua presente como uma das principais acionistas da empresa, influenciando-a em importantes decisões estratégicas.

Fundada no Japão em 1907, atualmente a Kirin Company faz parte de um conglomerado maior estabelecido como uma holding, atuando em diversos segmentos, além do da cerveja.  Na época da sua constituição, um dos principais investidores foi a família Mitsubishi, a qual mantém até os dias de hoje importante participação acionária na Kirin Company, consolidando a prática japonesa de coalizão quando empresas são unidas por determinados interesses econômicos (keiretsu) - quiçá, neste caso, por interesse particular/familiar. A família Mitsubishi começou a erguer seu império em 1873 no momento em que seu fundador, Yataro Iwasaki, passou a prestar serviços de transporte marítimo utilizando inicialmente três embarcações.

Heineken, Kirin Company e Mitsubishi são mais do que centenárias. Além dos habituais desafios de enfrentamento de concorrência, de flutuações de mercado e da economia, elas também se submeteram a situações extraordinárias como os reflexos de guerras e de grandes desastres naturais que devastaram cidades inteiras.


A brasileira Schincariol, a mais jovem das três organizações, foi fundada em 1939. Contudo, somente em 1989 expandiu seus negócios para o mundo da cerveja. Em 2011, a Kirin Company comprou a Schincariol, criando a Brasil Kirin. Inicialmente, realizou a aquisição do controle acionário que era comandado por uma parte da família Schincariol. Naquele ponto dos acontecimentos, os integrantes da família Schin travavam batalhas em nome de seus interesses divergentes e conflitantes.  Três meses depois, ainda no ano de 2011, a Kirin Company golpeou fatalmente a outra parte da família Schincariol adquirindo o restante das ações que estavam em poder de outro grupo da família, que tentava não vender o legado deixado pelo seu antepassado - José Nelson Schincariol, assassinado em 2009 com três tiros na garagem de sua casa. Naquele 2011, o universo das empresas familiares brasileiras perdia uma de suas mais vistosas estrelas.

A Schincariol não passou pelas dificuldades de guerras e catástrofes naturais. Não chegou a percorrer cem anos de história e um de seus grandes desafios extraordinários que impactaram os rumos da gestão se deu em 2005, quando a Receita Federal e a Polícia Federal, durante a “Operação Cevada”, prenderam sócios e gestores da empresa - alguns deles, herdeiros de José Nelson Schincariol. Diversas foram as acusações, dentre elas a de sonegação fiscal.  

A Schin passou a ser Kirin em 2011 e assim permaneceu por, aproximadamente, seis anos. Agora, em 2017, Schin é Heineken, e com a compra da Brasil Kirin, Heineken passa a ser a segunda maior empresa de cerveja no Brasil.


Mas o quê, afinal, essas três empresas têm em comum, além da cerveja? Ora, são todas elas ungidas e atadas pelos complexos, indissolúveis e profundos laços de sangue de seus membros mais importantes - são empresas familiares.



Professora Mônica de Faria Mascarenhas e Lemos
Graduada em Administração pela PUC/RJ. Mestre em Administração pela UFPR. Professora do curso de Administração no UNICURITIBA.

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