segunda-feira, 20 de maio de 2019

Magazine Luiza Compra a Netshoes por R$244 milhões e amplia sua participação no comércio eletrônico – Estratégia em sintonia com a fase contemporânea da Revolução Industrial.

Prof. Semí Cavalcante de oliveira.


A gigante do varejo Magazine Luiza – Magalu - divulgou, nessa terça feira, 14 de maio de 2019, a aquisição da também brasileira Netshoes, empresa particularizada na venda de artigos esportivos na internet, por US$ 62 milhões, o equivalente a R$ 244,4 milhões. A notícia fez com que as ações da Netshoes saltassem para 18,6% na Bolsa de Nova York. Apesar de ser brasileira, a plataforma de venda só tem papéis negociados na Bolsa de Valores Americana, onde encetou em 2017. 

A compra é mais uma ação da varejista em sua tática para alavancar suas vendas no espaço e-commercee alargar seu portfólio. Para a Netshoes, uma das precursoras do comércio eletrônico no Brasil, foi a solução mais viável após amargar anos após anos de prejuízo. 

Em declaração enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Magazine Luiza explicitou que a compra será efetivada através de uma subsidiária sediada no paraíso fiscal Ilhas Cayman, e que apesar de ambas as partes estarem de acordo, a transação será submetida a autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade), agência que regula o mercado e suas estruturas, sobretudo o espaço concorrencial no país, só assim, o negócio estará sacramentado. 

A compra está em sintonia com a tática de expansão do grupo Magalu e da tendência que o mundo corporativo vem experimentando a partir do final do século passado, evidenciando as estratégias para as novas bases da competitividade. As vendas a partir das plataformas digitais da Netshoes foram de R$ 2,5 bilhões nos últimos 12 meses e se equivalem às vendas no mesmo segmento do Magazine Luiza, que foi de R$ 7 bilhões em 2018.

O valor de US$ 62 milhões é escandalosamente menor do que a Netshoes conseguiu quando da abertura de capital (IPO - Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial), há dois anos, na Bolsa Eletrônica Nasdaq em Nova Iorque. Naquela ocasião, foram arrebanhados US$ 138,85 milhões, o que equivalia a US$ 18 por ação. Na venda para a varejista, cada ação da Netshoes, saiu pela bagatela de US$ 2. 

A Netshoes, fundada no ano 2000 por Márcio Kumruian, seu CEO (Chief Executive Officer ou simplesmente Diretor Executivo) até a data da ratificação da transação pelo CADE, tentou reverter prejuízos constantes com a venda de suas operações no México e na Argentina e mudanças de estratégia, mas não teve resultados suficientes para barrar o aumento da pressão dos acionistas. Em setembro 2018, colocou a empresa à venda. A B2W, controladora da Americanas.com, e o Mercado Livre chegaram a manifestar interesse.

A B2W, proprietária das plataformas Americanas.com e Submarino, reconheceu que avaliava dar um lance pela Netshoes e ampliar sua participação nesse nicho mercadológico. A B2W havia inclusive contratado os serviços de assessoramento do Banco BTG Pactual, ou seja, a intenção era séria. Contudo, o Magalú foi mais rápido.

A transação marca a entrada do Magazine Luiza no segmento de vestuário enquanto que, para a B2W, seria a primeira aquisição de outra empresa de e-commerce. Desde a fusão entre Submarino e Americanas.com, a B2W só adquiriu companhias de software e logística.

Quando a companhia Netshoes chegou à Bolsa em 2017 com a ação cotada a US$ 16,35 e chegou à máxima de US$ 26,73, mas desde então segue perdendo valor. O papel fechou o pregão na quarta-feira (15 de maio) cotado a US$ 2,20, com queda de 11,3%, após o salto da véspera. Por causa das dificuldades operacionais, desde setembro do ano de 2018 ela buscava um comprador.


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