A empresa Heineken, holandesa, iniciou suas atividades na produção de cerveja em
1873 pelas mãos do empreendedor Gerard Heineken. Atualmente a família Heineken continua
presente como uma das principais acionistas da empresa, influenciando-a em
importantes decisões estratégicas.
Fundada
no Japão em 1907, atualmente a Kirin Company faz parte de um conglomerado maior
estabelecido como uma holding,
atuando em diversos segmentos, além do da cerveja. Na época da sua constituição, um dos
principais investidores foi a família Mitsubishi, a qual mantém até os dias de
hoje importante participação acionária na Kirin Company, consolidando a prática
japonesa de coalizão quando empresas são unidas por determinados interesses
econômicos (keiretsu) - quiçá, neste caso, por interesse particular/familiar. A
família Mitsubishi começou a erguer seu império em 1873 no momento em que seu
fundador, Yataro Iwasaki, passou a prestar serviços de transporte marítimo
utilizando inicialmente três embarcações.
Heineken,
Kirin Company e Mitsubishi são mais do que centenárias. Além dos habituais
desafios de enfrentamento de concorrência, de flutuações de mercado e da
economia, elas também se submeteram a situações extraordinárias como os
reflexos de guerras e de grandes desastres naturais que devastaram cidades
inteiras.
A brasileira
Schincariol, a mais jovem das três organizações, foi fundada em 1939. Contudo, somente
em 1989 expandiu seus negócios para o mundo da cerveja. Em 2011, a Kirin Company
comprou a Schincariol, criando a Brasil Kirin. Inicialmente, realizou a
aquisição do controle acionário que era comandado por uma parte da família Schincariol.
Naquele ponto dos acontecimentos, os integrantes da família Schin travavam
batalhas em nome de seus interesses divergentes e conflitantes. Três meses depois, ainda no ano de 2011, a
Kirin Company golpeou fatalmente a outra parte da família Schincariol adquirindo
o restante das ações que estavam em poder de outro grupo da família, que
tentava não vender o legado deixado pelo seu antepassado - José Nelson Schincariol,
assassinado em 2009 com três tiros na garagem de sua casa. Naquele 2011, o universo
das empresas familiares brasileiras perdia uma de suas mais vistosas estrelas.
A
Schincariol não passou pelas dificuldades de guerras e catástrofes naturais.
Não chegou a percorrer cem anos de história e um de seus grandes desafios extraordinários
que impactaram os rumos da gestão se deu em 2005, quando a Receita Federal e a
Polícia Federal, durante a “Operação Cevada”, prenderam sócios e gestores da
empresa - alguns deles, herdeiros de José Nelson Schincariol. Diversas foram as
acusações, dentre elas a de sonegação fiscal.
A
Schin passou a ser Kirin em 2011 e assim permaneceu por, aproximadamente, seis
anos. Agora, em 2017, Schin é Heineken, e com a compra da Brasil Kirin, Heineken
passa a ser a segunda maior empresa de cerveja no Brasil.
Mas o
quê, afinal, essas três empresas têm em comum, além da cerveja? Ora, são todas
elas ungidas e atadas pelos complexos, indissolúveis e profundos laços de
sangue de seus membros mais importantes - são empresas familiares.
Professora Mônica de Faria Mascarenhas e Lemos
Graduada em Administração pela PUC/RJ. Mestre em Administração pela UFPR. Professora do curso de Administração no UNICURITIBA.
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