Na sexta-feira, 17 de março de 2017, a
Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, que anunciou como a maior da
história da corporação. A Operação Carne Fraca revelou vínculos criminosos entre
empresários do agronegócio e fiscais agropecuários federais, que recebiam propinas
para emitir certificados sanitários sem fiscalização. Os fiscais fechavam os
olhos para a falta de higiene dos estabelecimentos, para produtos com prazos de
validade vencidos, para carne estragada e até para a presença da bactéria
Salmonella em alguns produtos.
Prof. Edson Mantovan. |
A preocupação das empresas do setor e do
Ministério da Agricultura está nos
sérios danos causados à imagem das companhias brasileiras do setor alimentício.
Diversos países importadores anunciaram o bloqueio de carne brasileira em seus
territórios, afetando as exportações nesse segmento importante de nossa
economia. Caso esses embargos persistam, empresas do ramo serão fechadas e
milhares de funcionários serão demitidos.
Em função disso, a Policia Federal está
sendo culpabilizada pelos órgãos governamentais. As perguntas que faço são
simples. Quem é o culpado? Quem pagará a conta?
Quem pagará a conta é mais fácil de responder:
os produtores de carnes, pois com a diminuição da procura o preço tende a cair;
os funcionários das empresas envolvidas, pois podem ficar sem seus empregos; a
população que porventura tenha consumido carne estragada, pois pode pagar com a
saúde, um valor bem mais alto que o dinheiro.
Tentemos agora esclarecer de quem é a
culpa. As empresas envolvidas vão culpar fornecedores e funcionários; segundo o
Governo, a Policia Federal é culpada, pois generalizou na divulgação do
problema, afetando as exportações; e segundo os fiscais, o sistema os forçou a
se corromperem.
Em minha opinião, o verdadeiro culpado
da Operação Carne Fraca é a fraqueza da Carne Humana, é o caráter do ser
humano, que acha normal a busca do lucro a qualquer preço, olhando apenas para
seu umbigo e não observando que essa prática afeta o consumidor final e a reputação
do País.
A pessoa que come carne estragada pode
ser infectada por bactérias perigosas, que podem levar à morte. Sempre que um
empresário tiver que decidir entre adulterar a indicação do prazo de validade
ou assumir o prejuízo, deve-se perguntar quanto vale uma vida? Essa pergunta
deve fazer parte dos indicadores de decisão, pois para evitar um pequeno
prejuízo pode-se gerar um prejuízo muito maior para indivíduos e para a
sociedade em geral.
Deus diz que devemos amar o próximo como
a nós mesmos; portanto, todo empresário que acha que o próximo pode comer carne
adulterada sirva antes o produto a si mesmo e a sua família.
Prof. Edson Mantovan, graduado em Engenharia Industrial Elétrica, Especialização em Matemática e Mestrado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina.
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