Victor Gradin
é o patriarca da família Gradin. Norberto Odebrecht, o fundador das
organizações Odebrecht, convidou Gradin para trabalhar em seu grupo empresarial.
Era 1974, quando a Odebrecht crescia, contudo a sua área financeira precisava
ser reestruturada.
Profª. Monica de Faria Mascarenhas e Lemos |
Victor ocupou
o cargo de diretor financeiro por muitos anos, planejando e orientado
importantes decisões de Norberto Odebrecht naquele crítico e delicado momento
de expansão das empresas do grupo e em diversos outros relevantes movimentos
estratégicos futuros. Por acreditar no potencial da empresa, e pela relação de
confiança entre Norberto e Victor, este se tornou sócio da Odebrecht com uma
pequena participação. A partir de 1991, Odebrecht abria seu capital e Victor,
ao longo de seu tempo como gestor financeiro, foi realizando novas compras de
ações.
Bernardo e
Miguel, ambos filhos de Victor Gradin, entrariam mais tarde para integrar a
gestão do grupo. Com o passar do tempo, se tornam presidentes de algumas importantes
unidades de negócios. Como o pai, eles passaram a investir em ações da
Odebrecht. Entre idas e vindas acionárias, a família Gradin se estabelece finalmente
como uma holding, tornando-se
proprietária de 20,6% da Odebrecht. Apesar de os Odebrecht serem os
controladores do capital do grupo, havia um entendimento harmônico entre os
interesses das duas famílias - os Odebrecht mandavam operacionalmente nas
unidades relacionadas à construção e novos negócios e os Gradin se encarregavam
da área de petroquímica e projetos industriais.
A assimetria
do poder na Odebrecht, apesar do suposto bom entendimento entre as famílias,
aflora no momento em que os diferentes interesses colidem entre si. Em 2010, as
famílias Gradin e Odebrecht iniciam aquela que é considerada uma das maiores
disputas societárias ocorridas no país. Marcelo Odebrecht, terceira geração da
família e atualmente hóspede forçado na “República de Curitiba”, capitaneou a
retirada dos Gradin da vida corporativa da Odebrecht. Através de alterações
estatutárias, Marcelo eliminou a participação dos Gradin nos Conselhos e
iniciou a sucessão para os cargos ocupados por Bernardo e Miguel.
Os Odebrecht acenaram
com uma oferta de compra das ações da família Gradin. Contudo, Bernardo Gradin,
representante da segunda geração da família, em franca oposição a Marcelo
Odebrecht, se negou a vender suas participações. A partir desse momento,
Odebrecht e Gradin entram em uma disputa que duraria, aproximadamente, cinco
anos. Os Gradin invocaram o direito estatutário à arbitragem; os Odebrecht buscavam
uma solução judicial. Após cinco anos nos tribunais, houve a decisão superior
de que o comitê de arbitragem seria o caminho a ser percorrido para as famílias
se entenderem.
As informações que circulam na mídia, com
direito a espaço na prestigiosa revista Forbes, afirmam que os conflitos
gerados pela divergência de interesses dos descendentes das duas famílias
sepultaram a história de amizade, lealdade mútua e respeito que existia entre
Norberto e Victor. Norberto faleceu aos 91 anos no ano de 2014, e foi em 1944
que deu início aos primeiros pilares do grupo Odebrecht. Nos seus últimos anos
de vida, já afastado das decisões estratégicas do grupo, teve que acompanhar
uma disputa com a família daquele que havia sido amigo, sócio e fiel escudeiro.
Os descendentes das duas famílias, que partiram para o pugilato de tinturas
quase fraticidas nos tribunais, foram amigos de infância, estudantes parceiros
e até colegas de trabalho em alguns momentos de suas experiências profissionais
em empresas fora do grupo.
Nessa
melancólica sequência de fatos, o mecanismo da arbitragem acabou por levar as
duas famílias amigas a um entendimento, com a separação já consolidada em 2016.
Em razão da
momentosa operação Lava Jato, os descendentes de Victor Gradin, por sorte ou
ironia do destino, ao contrário de Marcelo Odebrecht, não estão com suas
liberdades civis restritas, como Marcelo Odebrecht. Por outro lado, o infortunoso
Marcelo Odebrecht já não pode contar com o apoio amigo da família Gradin tal
como seu avô, Norberto, contara em momentos anteriores e decisivos deste grande
grupo empresarial brasileiro.
Como se diz na
letra da música de Milton Nascimento: “amigo é coisa pra se guardar no lado
esquerdo do peito”.
Professora Mônica de Faria Mascarenhas e Lemos
Graduada em Administração pela PUC/RJ. Mestre em Administração pela UFPR. Professora do curso de Administração no UNICURITIBA.
Graduada em Administração pela PUC/RJ. Mestre em Administração pela UFPR. Professora do curso de Administração no UNICURITIBA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela participação!